Luciano Siqueira, no Vermelho
Sim, com um olho na reza e o outro no padre, como ensina a
sabedoria popular – no sentido de que é preciso estarmos atentos a dois
problemas ao mesmo tempo. Ou a duas ordens de questões. No caso, aos problemas
de ordem local ou regional e ao projeto de País, temas obrigatórios e
necessariamente entrecruzados na atual campanha eleitoral. Ou seja, no discurso
dos candidatos.
Vale para candidatos a cargos executivos, mas igualmente
para os que pelejam por uma cadeira no parlamento estadual ou federal. Pois no
estágio de desenvolvimento do Brasil e no processo de formação de uma consciência
social esclarecida e avançada, dar conteúdo à campanha é indispensável. Sobretudo
na campanha de candidatos progressistas, que pugnam por mais mudanças, em
especial dos comunistas, que orientam a luta a partir de um projeto nacional de
desenvolvimento, caminho para o objetivo estratégico socialista.
Mas, na prática, o que predomina no discurso dos candidatos
em geral – e este início de campanha, aqui e alhures, o confirmam mais uma vez –
é a dupla tentativa de sensibilizar os eleitores através de frases de efeito e
da “desconstrução” do perfil de adversários. Uma lástima. Até porque o eleitor
é cada vez mais arredio ao bate-boca e mais interessado em saber o que cada um
propõe para melhorar o cotidiano da maioria da população.
Esse desvio, pelo que observo a partir de razoável experiência
de campanhas, por cerca de três décadas, quase que invariavelmente tem o dedo
do chamado marketing político, irmão gêmeo de pesquisas (qualitativas e quantitativas)
analisadas sem critério político. Ou com critério equivocado.
Cá em Pernambuco, em que o cenário da disputa é marcadamente
complexo; caleidoscópico no que se refere ao desenho das alianças, os
candidatos comunistas procuram se diferenciar mediante plataforma avançada,
fundindo a abordagem dos problemas locais com a defesa do projeto nacional.
Na verdade, verifica-se aqui um
debate na mídia - ainda muito adjetivado e pouco substantivo - e outro debate
no seio do povo, vincado à realidade concreta.
Particularmente Luciana Santos,
deputada federal e Marcelino Granja, candidato a deputado estadual, têm abordado,
por exemplo, a crise da vida nas cidades e suas raízes, assinalando a luta pela
Reforma Urbana, ao lado das demais reformas estruturais
democráticas – a política, a do sistema educacional, a agrária, a tributária, a
do Judiciário, a dos meios de comunicação. Para conquistarem o voto consciente
e elevarem o descortino político do eleitorado.
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