25 setembro 2014

Debater é preciso, fugir da raia não é preciso


Quem tem medo da boa polêmica?
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog de Jamildo

Estávamos nos estertores do regime militar e se multiplicavam os debates em toda parte sobre temas da atualidade, aos quais nós do PCdoB comparecíamos com entusiasmo. Afinal, emfim se podia discutir os destinos do País e também o direito de existência legal dos partidos então proscritos.

Num desses debates, no Sindicato dos Professores, em Natal, à mesa eu e um militante de uma das correntes mais estreitas do PT, estabeleceu-se uma acirrada discussão em torno na imperiosa necessidade de alianças amplas para derrotar a ditadura e restabelecer o Estado de direito. Num dado momento, meu oponente vociferou: “Esta conjuntura política está muito burguesa para o meu gosto. Vou embora!” – e retirou-se.

Algo parecido faz a candidata da Rede, alojada temporariamente no PSB, Marina Silva, para quem a crítica ao seu programa de governo se confunde com ataque pessoal (sic). ” – Estou sendo agredida e não vou responder”, diz, na tentativa de fugir ao confronte de ideias.

Ora, a candidata não se fez de rogada ao acenar ao “mercado” (oligarquia financeira e segmentos mais conservadores da elite dominante) com compromissos tão nefastos como “assegurar o mais rapidamente possível a independência do Banco Central, de forma institucional”, ou seja, conferir ao Banco Central superpoderes a serem exercidos por gente recrutada nas altas finanças; reduzir o peso relativo dos bancos públicos e fomentar um maior papel dos bancos privados; redefinir abordagem do pré-sal, alterando o seu modelo de exploração, com sentido privatizante, e reduzindo investimentos – golpe mortal sobre as possibilidades mediatas de um salto na educação pública, saúde e tecnologia e inovação. Mais: em nome de uma suposta “nova política”, proclama uma pretensão exótica e maniqueísta de exercício do governo, “apoiada nos bons de cada partido” e não nos partidos políticos propriamente.

Exibindo propostas dessa natureza, pode alguém se imaginar numa redoma, a salvo de qualquer discussão, especialmente uma postulante ao governo da Nação?

Natural, portanto, que no embate eleitoral venha à tona a boa e necessária polêmica. Aécio, de plumagem tucana, vem tentando justamente demonstrar que Marina passa agora assumir posições “liberais”, que outrora não tinha – e, segundo ele, revela-se incoerente e despreparada para substituí-lo como alternativa à direita.

Dilma, por seu turno, tem ido ao confronto desnudando a verdadeira essência do que defende a candidata da Rede, fazendo o contraponto com o projeto nacional de desenvolvimento que vem sendo construído desde os governos Lula e em seu atual governo.


Desse debate brota o esclarecimento do eleitor, que pode assim fazer sua escolha com mais consciência e cumprir a missão que lhe cabe acerca do presente e do futuro do País.
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