Quem tem medo da boa polêmica?
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog de Jamildo
Estávamos nos estertores do regime militar e se
multiplicavam os debates em toda parte sobre temas da atualidade, aos quais nós
do PCdoB comparecíamos com entusiasmo. Afinal, emfim se podia discutir os
destinos do País e também o direito de existência legal dos partidos então proscritos.
Num desses debates, no Sindicato dos Professores, em Natal,
à mesa eu e um militante de uma das correntes mais estreitas do PT,
estabeleceu-se uma acirrada discussão em torno na imperiosa necessidade de alianças
amplas para derrotar a ditadura e restabelecer o Estado de direito. Num dado
momento, meu oponente vociferou: “Esta conjuntura política está muito burguesa
para o meu gosto. Vou embora!” – e retirou-se.
Algo parecido faz a candidata da Rede, alojada
temporariamente no PSB, Marina Silva, para quem a crítica ao seu programa de
governo se confunde com ataque pessoal (sic). ” – Estou sendo agredida e não
vou responder”, diz, na tentativa de fugir ao confronte de ideias.
Ora, a candidata não se fez de rogada ao acenar ao “mercado”
(oligarquia financeira e segmentos mais conservadores da elite dominante) com
compromissos tão nefastos como “assegurar o mais rapidamente possível a
independência do Banco Central, de forma institucional”, ou seja, conferir ao Banco
Central superpoderes a serem exercidos por gente recrutada nas altas finanças;
reduzir o peso relativo dos bancos públicos e fomentar um maior papel dos
bancos privados; redefinir abordagem do pré-sal, alterando o seu modelo de
exploração, com sentido privatizante, e reduzindo investimentos – golpe mortal
sobre as possibilidades mediatas de um salto na educação pública, saúde e
tecnologia e inovação. Mais: em nome de uma suposta “nova política”, proclama
uma pretensão exótica e maniqueísta de exercício do governo, “apoiada nos bons
de cada partido” e não nos partidos políticos propriamente.
Exibindo propostas dessa
natureza, pode alguém se imaginar numa redoma, a salvo de qualquer discussão,
especialmente uma postulante ao governo da Nação?
Natural, portanto, que no
embate eleitoral venha à tona a boa e necessária polêmica. Aécio, de plumagem
tucana, vem tentando justamente demonstrar que Marina passa agora assumir
posições “liberais”, que outrora não tinha – e, segundo ele, revela-se
incoerente e despreparada para substituí-lo como alternativa à direita.
Dilma, por seu turno, tem
ido ao confronto desnudando a verdadeira essência do que defende a candidata da
Rede, fazendo o contraponto com o projeto nacional de desenvolvimento que vem
sendo construído desde os governos Lula e em seu atual governo.
Desse debate brota o
esclarecimento do eleitor, que pode assim fazer sua escolha com mais
consciência e cumprir a missão que lhe cabe acerca do presente e do futuro do
País.
Leia mais sobre temas
da atualidade: http://migre.me/kMGFD
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