28 setembro 2014

O bom uso de nossa língua

Dupla negação
A expressão ‘Não sou de ninguém’, que contém duas palavras negativas. Para muitos, construções desse tipo teriam um sentido afirmativo. O colunista mostra que não.
Sírio Possenti, revista Ciência Hoje Online

. Um dos equívocos periodicamente mencionados à socapa em programas de ensino televisivo de língua portuguesa diz respeito à mal descrita dupla negação, como em Não vi nada / Não vi ninguém. Há quem pense, mal contrabandeando sentenças algébricas, que a frase significa ‘vi tudo / todos / alguns’, já que (eles têm certeza!) a dupla negação equivale a uma afirmação.
Faço algumas observações iniciais, depois desenvolvo o argumento central: 1) o fenômeno da dupla negação, em português, é muito circunscrito; só ocorre quando há um pronome negativo no final da sentença (nada, ninguém, nenhum etc.); 2) só funciona em orações ativas; na respectiva passiva, ela desaparece (ver abaixo); 3) a regra vale apenas para o português culto, porque há variantes que aceitam outras construções (Ninguém não viu quando ele chegou); 4) há dupla negação também em inglês, em variedades não cultas, como I can´t eat nothing.
Leia mais: http://migre.me/lWdk6  

Um comentário:

Anônimo disse...

Verdade. E é questão certeira numa prova de concurso, na matéria de raciocínio lógico. Ela não me pega.