Descobertas, angústia e esperança
Luciano
Siqueira, no Blog da Folha
Não basta querer - é preciso poder. Ou seja: não basta desejar algo justo, é preciso verificar se é oportuno e viável.
Parece coisa de autoajuda. Ou daquela psicologia de bolso tão comum às mensagens que nos chegam pelas redes sociais.
Mas é coisa da luta política, do mundo real.
Porque entre o desejo e a possibilidade há sempre a mediação da correlação de forças. Sobretudo para quem governa em ambiente institucional marcado pela relação incontornável entre os poderes Executivo e Legislativo.
Mas a noção de correlação de forças vale para todo tipo de luta. Há que ser mensurada numa campanha salarial, na condução de uma greve, de uma reivindicação no bairro e tantas outras ocorrências comuns aos movimentos sociais.
Ontem, em mais uma Roda de Conversa no Bar Retalhos, vieram à tona desejos que no presente momento esbarram no caráter majoritariamente conservador do Congresso Nacional. Evitar o pior parece mais factível do que avançar.
A Roda de Conversa é um bate papo livre que realizamos a cada quinze dias. Entre quarenta e quarenta e cinco participantes, em média, às vezes menos, às vezes um pouco mais, falam do que bem entendem. Comumente não há tema pré-estabelecido e eu atuo como "animador" da discussão. Surge de tudo: de considerações teóricas a cobranças ao governo municipal, passando por temas urbanos, econômicos, políticos e até comportamentais.
Uma riqueza que brota da diversidade. Grupos heterogêneos, formados por gente de diferentes áreas de atuação e de interesse. E de faixas etárias também diversas.
Pois bem. Tem se manifestado muita impaciência (justa, diga-se) em relação a problemas angustiantes, tais como o monopólio e a parcialidade da mídia e a onda conservadora que se verifica na Câmara dos Deputados sob a batuta do peemedebista de oposição Eduardo Cunha e larga representação empresarial e de segmentos conservadores assim denominados "bancada da bola", "bancada evangélica", "bancada ruralista", bancada da bala" etc.
Em nosso bate papo, na medida em que a discussão se aprofunda, não faltam vozes exaltadas proclamando medidas a serem emanadas do Poder Executivo e submetidas à Câmara e ao Senado de teor avançado, em contraste com a maioria parlamentar eleita em outubro último.
Logo se segue a percepção desagradável de que, na atual correlação de forças, não dá para tanto.
"Então vamos às ruas", dizem uns. "E às redes sociais”, completam outros.
Sim, às ruas e às redes – acrescento, renovando a esperança: pois a pressão externa historicamente tem mudado o comportamento majoritário de casas legislativas conversadoras. E também ao espinhoso e imprescindível processo de negociação, no melhor sentido do diálogo em nível elevado. Porque sem a boa e hábil política, governo nenhum se faz eficiente precisamente porque depende da anuência do Poder Legislativo.
E assim segue a vida e a luta. Na segunda-feira 11 de maio o Brasil, o mundo e as inquietações nossas de cada dia novamente caberão em nossa modesta, porém densa e esclarecedora Roda de Conversa.
Não basta querer - é preciso poder. Ou seja: não basta desejar algo justo, é preciso verificar se é oportuno e viável.
Parece coisa de autoajuda. Ou daquela psicologia de bolso tão comum às mensagens que nos chegam pelas redes sociais.
Mas é coisa da luta política, do mundo real.
Porque entre o desejo e a possibilidade há sempre a mediação da correlação de forças. Sobretudo para quem governa em ambiente institucional marcado pela relação incontornável entre os poderes Executivo e Legislativo.
Mas a noção de correlação de forças vale para todo tipo de luta. Há que ser mensurada numa campanha salarial, na condução de uma greve, de uma reivindicação no bairro e tantas outras ocorrências comuns aos movimentos sociais.
Ontem, em mais uma Roda de Conversa no Bar Retalhos, vieram à tona desejos que no presente momento esbarram no caráter majoritariamente conservador do Congresso Nacional. Evitar o pior parece mais factível do que avançar.
A Roda de Conversa é um bate papo livre que realizamos a cada quinze dias. Entre quarenta e quarenta e cinco participantes, em média, às vezes menos, às vezes um pouco mais, falam do que bem entendem. Comumente não há tema pré-estabelecido e eu atuo como "animador" da discussão. Surge de tudo: de considerações teóricas a cobranças ao governo municipal, passando por temas urbanos, econômicos, políticos e até comportamentais.
Uma riqueza que brota da diversidade. Grupos heterogêneos, formados por gente de diferentes áreas de atuação e de interesse. E de faixas etárias também diversas.
Pois bem. Tem se manifestado muita impaciência (justa, diga-se) em relação a problemas angustiantes, tais como o monopólio e a parcialidade da mídia e a onda conservadora que se verifica na Câmara dos Deputados sob a batuta do peemedebista de oposição Eduardo Cunha e larga representação empresarial e de segmentos conservadores assim denominados "bancada da bola", "bancada evangélica", "bancada ruralista", bancada da bala" etc.
Em nosso bate papo, na medida em que a discussão se aprofunda, não faltam vozes exaltadas proclamando medidas a serem emanadas do Poder Executivo e submetidas à Câmara e ao Senado de teor avançado, em contraste com a maioria parlamentar eleita em outubro último.
Logo se segue a percepção desagradável de que, na atual correlação de forças, não dá para tanto.
"Então vamos às ruas", dizem uns. "E às redes sociais”, completam outros.
Sim, às ruas e às redes – acrescento, renovando a esperança: pois a pressão externa historicamente tem mudado o comportamento majoritário de casas legislativas conversadoras. E também ao espinhoso e imprescindível processo de negociação, no melhor sentido do diálogo em nível elevado. Porque sem a boa e hábil política, governo nenhum se faz eficiente precisamente porque depende da anuência do Poder Legislativo.
E assim segue a vida e a luta. Na segunda-feira 11 de maio o Brasil, o mundo e as inquietações nossas de cada dia novamente caberão em nossa modesta, porém densa e esclarecedora Roda de Conversa.
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