Demônio Dilma
Luciano
Siqueira
Semelhante a uma luta de boxe - quando um dos contendores,
momentaneamente na ofensiva, procura atingir o adversário de todas as formas
para enfraquecê-lo e derrotá-lo por nocaute ou mesmo por pontos - a oposição à
presidenta Dilma não dá tréguas.
Cobra “autorização” para que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, conduza
a economia como bem entende e a seu modo – e cai de pau em seguida, difundindo
a falsa ideia de que a presidenta abriu mão dessa sua prerrogativa.
Reclama da má articulação política do governo, do desprestígio do PMDB e
da base aliada – e agora se apressa em propagar a falsa versão de que nessa
matéria Dilma também teria jogado a toalha.
Lorotas ridículas de quem se compraz em destilar diatribes contra a
presidenta, ao invés de comparecer ao debate elevado acerca dos rumos do país.
Não há nenhum sinal de que Dilma solte as rédeas da economia. Há sim, a
percepção de que certamente estamos atravessando uma transição, via doloroso
ajuste fiscal, a uma retomada futura do crescimento.
Como tem assinalado a economista Tânia Bacelar, vivemos dificuldades de
curto prazo e somos um país de grandes potencialidades ainda a explorar.
Ou seja, podemos sair do outro lado com a retomada do dinamismo da
economia, a despeito dos novos agravos externos advindos da valorização do
dólar norte-americano e de uma possível nova bolha financeira.
A crise global ainda viceja, como assinala Yilmaz Akyuz, economista-chefe do instituto de pesquisas South Centre,
da Suíça, e ex-diretor e economista-chefe da Conferência das Nações Unidas
sobre Comércio e Desenvolvimento, citado na Carta Capital, “os Estados Unidos não estão plenamente recuperados, a Zona
do Euro mal iniciou sua retomada e os países em desenvolvimento têm perdido
força”.
Há também o bom sinal de que, na esfera política, enfim convencida da necessidade
de recompor sua base parlamentar de apoio, Dilma recorreu ao presidente nacional
do PMDB e vice-presidente da República para que se ocupe dessa missão.
Sob a sua batuta, é evidente.
No início do segundo governo Fernando Henrique Cardoso o quadro era pior
do que o atual. A inflação
anualizada chegou a 20%, nossas reservas monetárias se aproximavam do fundo do
tacho, tendo o Brasil perdido, de uma só tacada, 48 bilhões de dólares.
Mas FHC era um santo, ao olhar
das oligarquias conservadoras e da mídia.
Para estes, Dilma hoje é o
demônio.
(Publicado no portal Vermelho e no Blog de Jamildo/portal ne10)
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