Peculiaridades deste Primeiro de Maio
Luciano
Siqueira
Comemorado há 126 anos, desde que em 1889 um encontro operário em Paris
constituiu a II Internacional Socialista e deliberou reverenciar a histórica
greve de 1886 em Chicago, EUA, o 1º. de Maio assume, em diferentes partes do
mundo, variados significados.
Depende da conjuntura. E do alcance das conquistas obtidas ou de derrotas
ou ameaças.
Vi um 1º. de Maio Beijing, capital da China. A Praça da Paz Celestial
tomada de gente em festa. Havia muito a celebrar desde a Revolução de 1949.
Sob a ditadura militar, no Brasil, muitas vezes pudemos apenas reunir
militantes clandestinamente, pichar muros e distribuir panfletos em arriscadas
investidas em portas de fábricas.
De 1979 em diante, quando os alicerces do regime e modelo econômico
imposto começaram a ruir a partir das greves do ABC paulista, trabalhadores em
toda parte alevantaram a cabeça e ousaram realizar manifestações de maior
envergadura. Derrubar o arrocho salarial e a ditadura e reconquistar a
democracia deram sentido àquelas manifestações.
Há comemorações marcadas pelo espírito guerreiro e há comemorações nem
tanto – permeadas por variáveis conjunturais e pelo caráter classista ou
conciliador dos sindicatos que as promovem.
Este 1º. de Maio haverá de levantar trabalhadores do mundo inteiro contra
o desemprego e contra a supressão de direitos que se verificam em toda parte,
como subproduto da crise econômica global.
A oligarquia financeira internacional tem o leme e enfrenta os impasses
da economia concentrando mais ainda a produção, a renda e riqueza e excluindo
os que vivem do trabalho.
No Brasil, cumpre erguer com firmeza a luta contra a Lei da Terceirização
que, num tempo de retração econômica e de ajuste fiscal combinado com juros
altos, aponta para salários mais baixos, alta rotatividade nos postos de
trabalho, insegurança jurídica. Ou seja, a precarização das relações de
trabalho. Um retrocesso em relação a conquistas históricas, obtidas com muita
luta e sacrifício.
Além do PL 4330/04 da Terceirização, há outra ameaça, de dimensão mais ampla,
à própria democracia. As investidas da direita no sentido do impeachment da
presidenta Dilma, eleita em outubro democraticamente, constituem o fio da meada
de um conjunto de proposições de caráter ultraconservador que tramitam no Congresso
Nacional, por força de uma maioria formada por larga representação empresarial
e por parlamentares comprometidos com interesses fisiológicos e não raro
escusos.
Nesse cenário, o sindicalismo de caráter classista, que enxerga bem além
das bandeiras corporativas (legítimas), há que se afirmar através de uma pauta
avançada que ressalte, além da garantia
dos direitos sociais e trabalhistas, a defesa da democracia, do
mandato legítimo e constitucional da presidenta Dilma; a Petrobras, a economia
e a engenharia nacional; o combate à corrupção com a extinção do financiamento
empresarial das campanhas; a retomada do crescimento econômico do país.
Nas
ruas e nas redes sociais.
(Publicado no portal Vermelho e no
Blog de Jamildo/portal ne10)
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