29 dezembro 2015

Questão de soberania

Os militares na defesa do idioma

Aldo Rebelo, no portal Vermelho

Natal é palavra tipicamente portuguesa, vindo do latim natális, “de nascimento”, mas muitos termos e expressões relativos às celebrações religiosas e festas profanas do fim de ano são galicismos, isto é, foram trazidas do francês ao nosso idioma. 
É o caso de Papai Noel (Père Noël), árvore de natal (arbre de Noël) e mesmo creche (crèche), que entrou com o sentido original de manjedoura, o lugar onde nasceu Jesus, e a seguir, também de origem francesa, incorporou a acepção de instituição para crianças. Sem falar da óbvia réveillon, que substituiu a portuguesa consoada. E da Corrida de São Silvestre, copiada de Corrida de la Saint-Sylvestre.
Desde os primórdios de sua formação o português sofre influência do francês, mas há setores que à sua maneira têm resistido à invasão de galicismos. É o caso das Forças Armadas. A terminologia militar tem forte influência gálica, por sua origem e por causa das missões que recebemos, mas quando é possível escolher optamos por nomes portugueses.
A Marinha faz isso desde que foi organizada pelo imperador Pedro I para consolidar a Independência e naturalmente deu aos barcos nomes portugueses, acrescidos a seguir pelos de origem indígena, extraídos de pessoas, lugares ou episódios. A Petrobrás seguiu o exemplo e afixa em seus navios nomes de personalidades de nossa História. O Exército e a Aeronáutica mantiveram a tradição, ressalvando-se que a maioria das armas, a começar de baioneta (baïonette), e dos aparelhos voadores, tem denominação de origem francesa, inclusive os engenhos inventados por brasileiros, como a passarola de Bartolomeu de Gusmão (balão/ballon) e o avião (avion) de Santos Dumont.
Uma contribuição nacional foi boreste, que o almirante Saldanha da Gama forjou em 1884, para substituir estibordo (estribord), lado direito da embarcação, que os marinheiros confundiam com bombordo (bâbord), o lado esquerdo. Fixou-se como prova de que o estrangeirismo não é indispensável. 

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