Contra a corrupção e a babel no parlamento
Luciano
Siqueira, no Blog de Jamildo/portal NE10 e no portal Vermelho
Analistas
responsáveis e isentos - da pernambucana Tânia Bacelar a consultores de grandes
investidores externos - dizem que o Brasil é muito maior do que a crise - e,
portanto, superaremos os impasses econômicos e, adiante, retomaremos o
crescimento.
Têm
razão.
Igual
razão têm quando também afirmam que o nó a ser desatado agora está na política:
com tamanha instabilidade, como fazer a economia funcionar?
E na
esfera política, crítica sob todos os títulos, dois fatos emergem com muita
força.
O
primeiro, retratado nas imagens de pugilato verbal e até físico de ontem, na
Câmara: a manobra suja do deputado Eduardo Cunha, atropelando normas
regimentais e exercendo, de fato, o papel de verdadeiro líder da oposição.
Ainda
bem que o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Edson Fachin, concedeu
liminar à ação impetrada pelo PCdoB, suspendendo temporariamente os efeitos da
eleição parcial da Comissão Especial encarregada de examinar o pedido do
impeachment. O mérito deverá ser julgado na quarta-feira, 16.
O outro
fato é a divulgação, pela Folha de S. Paulo, segundo revelação no âmbito da
Operação Lava Jato, de que o senador Delcídio Amaral teria recebido propina de
10 milhões de dólares da Alstom, quando também diretor da Petrobras, no governo
FHC.
Delcídio
acaba de se decidir pela delação premiada. O que obrigará o juiz Moro e seus auxiliares
a investigar também o governo Fernando Henrique Cardoso, até blindado pelos
inquisidores e pela mídia.
A
Alstom é o pivô das denunciadas facultarias envolvendo o metrô de São Paulo,
nos governos tucanos.
Não se
deve jamais comemorar crimes dos outros para justificar os cometidos por integrantes
do campo político que apoiamos. Ambos, devidamente comprovados, devem ser
punidos exemplarmente nos termos da lei. Lugar de corrupto é na cadeia.
Mas
esse fato reforça a absoluta necessidade de cortar pela raiz as causas da
corrupção; tanto quanto da babel em que se converteu o Parlamento brasileiro.
Ou
seja, a realização de uma reforma política que efetivamente suprima o
financiamento empresarial privado de campanha e introduza o financiamento
público - extirpando da legislação eleitoral a principal causa imediata da
corrupção institucional.
Também introduzindo
o sistema de lista preordenada pelos partidos para a disputa de cadeiras no
Parlamento. O eleitor seria instado a
escolher legendas e programas, elevando sua capacidade critica e seu poder de fiscalização
sobre os eleitos.
Assim,
a tão desejada (supostamente por todos) melhora do padrão da política
brasileira se daria sobre a lastro de disputas menos desiguais e de partidos
programáticos, aptos a se representarem no Parlamento por bancadas unificadas e
coerentes partidária - e não à base do cada um por si e conforme os interesses
pessoais e de pequenos grupos, como ora acontece.
Se assim
há de ser, adiante poderá acontecer - desde que haja uma consciência social
majoritariamente favorável à reforma política. Uma luta de sentido estratégico,
que haveremos de travar sempre.
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