08 março 2016

8 de Março

Dia de afeto e luta
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Desde cedo, oferto uma rosa vermelha a todas as mulheres que lutam por um mundo de igualdade.
Para Luci, Neguinha, Tuca e Alice (que dá seus primeiros passos na vida e um dia tomará consciência do papel e do lugar da mulher na sociedade brasileira). E para as mulheres que comigo convivem no trabalho: assessoras, ascensoristas, guardas e as dedicados aos serviços gerais.
Um gesto simples, mas pleno de significados.
Em toda parte, a rosa vermelha representa amor e luta. Cumplicidade. Afeto. Combatividade.
Nunca foi tão necessária a luta pela emancipação da mulher – uma causa de sentido estratégico, inclusa no salto civilizatório que aspiramos.
A igualdade de gênero não pode ser uma bandeira apenas das mulheres. Há que conquistar também a outra metade da população. Assim tem sido, gradativamente.
É uma luta de longo curso. O machismo se enraíza na sociedade, nas várias culturas mundo afora, assentado num misto de tradição cultural e preconceito ideológico.
Mesmo nas sociedades que alcançaram experiências socialistas vitoriosas, a igualdade de gênero não avançou o suficiente.
Nos primeiros quarenta anos áureos da ex-União Soviética, em dez anos de poder socialista mais de vinte por cento dos sovietes ostentavam cadeiras ocupadas por mulheres. Isto num país – a velha Rússia tzarista – onde em certas regiões a mulher sequer tinha direito a registrar o nome.
No Brasil, nas últimas décadas, tem avançado significativamente a luta emancipacionista – nos planos teórico, político e prático.
Mas ainda há muitos “nós” a serem desatados. Um deles, a enorme assimetria na participação entre homens e mulheres na esfera política. Das instituições de base, como Conselhos Municipais setoriais e outros, às Casas legislativas e aos diversos níveis dos poderes Executivo e Judiciário. O progresso verificado até o momento está muito aquém da real presença da mulher na vida econômica e social.
Daí esse Dia Internacional da Mulher, de raízes históricas na luta operária de mulheres norte-americanas, é comemorado sim como um instante de renovação de nossas convicções e de nossa disposição de seguir adiante na peleja pela igualdade de gênero.
Que não se inibam manifestações de afeto, mas que se acentue o caráter guerreiro deste dia.
Que nos deixemos tomar pela emoção – em casa, no ambiente de trabalho, nos círculos de amizade, nas redes e nas ruas. E que a emoção se alimente de afeto, cumplicidade e disposição de seguir adiante – de mãos dadas, pela igualdade entre homens e mulheres na construção da verdadeira condição humana.

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