Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato
Ser estrela até que seria fácil, sair do
Estácio - cantava Noel - era o "x" do problema.
No Brasil dos nossos dias, o
"x" está na correlação de forças políticas.
Agora e sempre. E, sobretudo, hoje, quando
o mar não está pra peixe e há uma onda direitista que penetra nas entranhas da
sociedade feito gás venenoso.
Antes, quando Lula assumiu a
presidência da República, idem.
Basta recordar que nas duas eleições
gerais, em 2002 e 2006, elegemos o presidente, porém a maioria dos senadores e
deputados federais havia apoiado Serra e Alckmin, respectivamente.
Para obter maioria parlamentar, o
presidente fez acordos amplos - que implicaram, inclusive, na nomeação de
ministros conservadores para pastas importantes, como o Ministério das Cidades.
Agiu corretamente, para assegurar a
governabilidade e fazer o País avançar.
Dilma chegou à presidência em 2010 com
maioria parlamentar, entretanto de matiz majoritariamente conservador.
E no pleito de 2014, deu-se o
contrário: Dilma se reelegeu, mas correntes conservadoras e de assumido
direitismo alcançaram maioria no Senado e na Câmara.
Todos eleitos em escrutino universal. Quer
dizer: a maioria dos brasileiros quis assim.
Há, obviamente, muitos fatores que
contribuem para isso. O ambiente econômico, a pressão midiática, o sistema
eleitoral distorcido, a fragilidade da maioria dos partidos e - destacadamente
- o nível de consciência política e de organização do povo.
Povo esclarecido e organizado tem a
possibilidade de votar com mais discernimento e segundo suas próprias
aspirações.
Nesse quesito, ainda estamos muito
aquém do desejável.
Os 21 anos de ditadura militar
provocaram um hiato na formação de uma consciência social avançada.
Desde as grandes batalhas nacionais
travadas de 1984 e durante os governos Lula e Dilma, vem ocorrendo o inverso.
Melhora relativamente o padrão de consciência política e de organização do
nosso povo.
Muito insuficiente ainda, contudo.
O fato é que a assunção de um
presidente de grande apelo popular e um ambiente econômico internacional e
interno favorável, permitiu que o PT e aliados à esquerda comandassem uma ampla
coalizão.
Uma aliança entre a esquerda e o
centro.
Com a crise global e suas repercussões
sobre a economia brasileira e a persistência de entraves de toda ordem,
inclusive jurídico-formais, a protelação de reformação estruturais capazes de
destravar o desenvolvimento do País e erros de condução política, o centro
pende à direita e a esquerda se vê em desigualdade.
Nessas circunstâncias, a ofensiva direitista,
via Operação Lava Jato em conluio com a mídia hegemônica, encontra terreno fértil.
Reagir é necessário. Em todas as
frentes. Na grande política e junto ao povo.
Ao PCdoB e aliados, impõe-se “ir mais
embaixo e mais fundo”, como diria Lênin, e mobilizar “os de baixo” para resistir
à ofensiva das elites.
Disso depende, em médio prazo, a
alteração da correlação de forças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário