13 abril 2017

Saídas para a crise

Rapadura é doce, mas não é mole
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do Renato

O instante da vida nacional é, verdadeiramente, um dos mais graves da História - pleno de desafios, sobretudo no terreno teórico e político.

A recente reunião plenária ampliada do Comitê Central do PCdoB - um debate amplo e consistente - reafirmou essa gravidade e firmou uma agenda de luta, tanto na frente política-institucional, como nas ruas e no terreno das ideias. 

Não será exagero afirmar que no diagnóstico preciso da situação e na formulação de saídas avançadas e factíveis para a residem o desafio maior.

Isto tanto pela natureza dos problemas que permeiam a crise econômica e o imbróglio institucional, como pela fragilidade das estruturas político-partidárias, incluindo o relativo vazio de lideranças nacionalmente reconhecidas.

Lula é o maior líder popular de história recente. E, tal como fermento, quanto mais nele se bate, mais cresce no imaginário da população. Mas ainda não empalma uma proposição destinada a arregimentar amplas forças para o combate. Carecemos de uma plêiade de quadros capazes de construir uma solução negociada para a crise.

Demais, quando avaliamos o ciclo transformador que ocorreu por doze anos, nos governos Lula e Dilma, identificamos - ao lado de inegáveis conquistas e relativos avanços - sérias deficiências e importantes equívocos praticados, sobretudo, pela corrente hegemônica (o PT), que careceu e carece de descortino estratégico para além do governo central imediato. 

Assim, há que se enfrentar agora, na perspectiva de ulterior retomada do movimento transformador, intricadas questões relativas à defesa do Estado de Direito democrático, à superação dos mecanismos jurídico-formais e administrativos que mantêm, feito maligna tatuagem, no interior do Estado os interesses e o predomínio do setor rentista, ao destravamento do desenvolvimento industrial e de sua competitividade internacional, à preservação dos interesses e dos direitos dos trabalhadores, ao reposicionamento do Brasil entre os países que se batem por uma nova configuração de forças no mundo, multipolar, que ultrapasse a unipolaridade hegemonista norte-americana.

Não é uma empreitada simples. Como dizemos cá na Província, a rapadura é doce, mas não é mole.

Daí a justeza das diretrizes adotadas pelo PCdoB, que combinam a resistência nas ruas - a experimentação de novas formas de luta, a aglutinação dos múltiplos movimentos de protesto e de defesa de direitos - com a peleja parlamentar e o debate em torno de novos rumos para o País.

Tudo devendo confluir do para a gradual construção de uma ampla conjugação de forças sociais e políticas, capaz de interromper o atual ciclo regressivo e retomar o desenvolvimento do país, em bases socialmente inclusivas, democráticas e soberanas. 

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