Ingente
desafio programático
Luciano Siqueira, no portal Vermelho e no Blog do
Renato
Programático tanto no sentido
de que é preciso ir mais a fundo na devida consideração do drama que o país
atravessa, como na formulação de alternativas.
Apenas o protesto (sempre
justo e oportuno) e a denúncia (também necessária) das negociatas que mantêm
Temer no governo não são suficientes para converter em ação prática a
insatisfação que se alastra na população.
A empreitada é muito maior e
mais complexa.
Recordo-me de que à altura do
terceiro ano do primeiro governo Lula, por sugestão do próprio presidente, uma
dezena de integrantes da Comissão Política Nacional do PCdoB se reuniu no
Palácio do Planalto com a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e
o também ministro Jacques Wagner, tendo como mote as reiteradas críticas do
nosso Partido à política macroeconômica.
Na ocasião, Dilma nos fez uma
ampla apresentação da ações de governo, sobressaindo-se o esforço intenso e continuado
em desfazer uma gama de leis, decretos e instruções normativas que Fernando
Henrique Cardoso deixara, cujo sentido era engessar o Estado brasileiro naquilo
que poderia servir à indução do desenvolvimento econômico em bases soberanas. Inclusive
a interdição de recursos para as Universidades públicas, para a pesquisa
científica e para a manutenção e fortalecimento da rede de escolas técnicas
federais, por exemplo.
A mim ficou a impressão de
que Lula iria incrementar ousada tentativa de reformar o Estado. Cheguei até a
comentar o assunto, na mesma noite, em telefonema a um colunista do Jornal do
Commercio, do Recife.
Mera impressão, entretanto. Logo
o governo se veria enredado nos contratempos de uma correlação de forças quase
sempre instável e abandonaria o que nos parecia compromisso com reformas estruturais. Até mesmo no período
2007-2012, quando o prestígio do presidente se elevara ao máximo e o jogo de
forças no parlamento lhe favorecia francamente.
Faltou descortino
estratégico, convicção e vontade política.
Agora, sob o
governo ilegítimo de Michel Temer, dá-se o contrário. Sobram convicção e vontade
para agir no sentido inverso e, na agenda regressiva, pontificam múltiplas iniciativas
de desmonte do Estado nacional.
Nessas circunstâncias,é
certo que a pretendida reforma previdenciária há de receber sempre destaque no
movimento oposicionista, pois toca mais diretamente à sensibilidade da maioria
da população. É uma espécie de “gancho” para mobilizar o povo.
A resistência às
reformas antipopulares e à perda de direitos é indispensável, porém há de ter
maior sustança (como diz o matuto) a defesa do Estado nacional.
E se àquela
altura do governo Lula o trabalho era intenso e permanente, o que vai se
consolidando com Temer é o desmonte rápido – que implica, digamos assim, num ingente
desafio programático.
Ou seja: urge
fundir as bandeiras de luta mais imediatas e mais sensíveis ao sentimento do
povo com proposições de caráter estratégico.
Daí a real
dimensão do que temos na ordem do dia: resistir de todas as formas possíveis,
ampliar o debate acerca das alternativas à crise e paulatinamente forjar um “programa
mínimo” de unidade das forças democráticas e progressistas, tendo a
recomposição da capacidade de indução e planejamento do Estado como vértice.
Leia mais sobre temas da
atualidade: http://migre.me/kMGFD
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