O foco da luta
política atual
José Bertotti*
As eleições de 2018 são o “centro de
gravidade” da luta política em 2018. Essa é uma afirmação do presidente da
Fundação Maurício Grabois, Renato Rabelo. Ter esse entendimento significa
alcançar de fato a extensão do golpe jurídico, parlamentar, midiático, que
afastou a presidente Dilma e permitiu o avanço avassalador do projeto
neoliberal, derrotado nas últimas quatro eleições presidenciais. Esse projeto
assume agora, sob a mais absoluta falta de legitimidade, ares de projeto
neocolonial. Vinculando os destinos da nação brasileira a interesses
estrangeiros, representados de maneira exemplar por acionistas das nossas
principais empresas sempre ligados ao grande capital financeiro internacional.
A primeira grande derrota imposta aos
trabalhadores após o golpe foi a aprovação de uma reforma trabalhista que
retira direitos dos trabalhadores, enfraquecendo a representação sindical. Ele
permite que o negociado por cada categoria se sobreponha a previsão legal de
garantias previstas na legislação trabalhista. Acrescido disso mudanças no
sistema de contribuição sindical reduziram em 80% os recursos arrecadados por
sindicatos em todo o Brasil, quando comparados com o mesmo período de 2017,
segundo dados do Jornal Valor Econômico de 4 de maio de 2018.
Dessa forma com a sua representação
enfraquecida os trabalhadores tendem a sofrer novas derrotas na luta contra o
capital que poderá aumentar com mais facilidade suas margens de lucro em
detrimento dos salários dos trabalhadores.
Outra pedra de toque do projeto imposto
a partir do impeachment é a política de entrega do setor energético brasileiro,
configurado na tentativa de privatização do Sistema ELETROBRAS e na entrega,
para interesses privados, da gestão da PETROBRAS. Para exemplificar, no caso da
PETROBRAS, com a adoção da política de preços dos combustíveis que vincula o
preço pago na bomba de combustível a variação do dólar e dos preços
internacionais do petróleo, o povo brasileiro custeia lucros de até 233% no
combustível que sai das nossas refinarias. Esse preço também é impactado pelo
desmonte do parque de refino de combustíveis, com claro propósito de
privatizá-lo.
Esse caminho aumenta a dependência
nacional de produção de combustíveis fazendo com que o Petróleo hoje produzido
no Brasil seja exportado e depois recomprado na forma de derivados do Petróleo,
produzidos principalmente nos EUA e comprados em dólar. Esse caminho encarece
artificialmente o preço pago pelos brasileiros, com a única intenção de valorizar
os ativos da companhia, hoje já dominada por interesses geopolíticos do grande
capital financeiro. Na mesma linha segue a lógica de privatizar o Sistema
ELETROBRAS.
Por isso não nos resta alternativa, que
não seja lutar para vencer as eleições de 2018 para restaurar a democracia em
nosso País e barrar o projeto em curso. Esse projeto até agora tem colhido
vitórias na implementação de suas propostas. Porém, com danos desastrosos para
economia nacional, que acumula duas quedas consecutivas do PIB e mais de treze
milhões de desempregados. Isso tudo tem um custo já precificado anteriormente
pelos golpistas, e tem sido a causa de uma profunda crise social, com
agravamento dos índices de violência e retorno a situação de extrema pobreza de
milhões de brasileiros.
Essa grave crise tem enfraquecido o consórcio
conservador impedindo que o mesmo apresente uma candidatura presidencial
representativa da direita brasileira, abrindo espaço para uma candidatura de
extrema direita, colocando de fato a alternativa fascista com competitividade
para disputar o governo do Brasil.
Para exemplificar, a última eleição da
França foi disputada entre um candidato de direita e outra candidata
representante da extrema-direita, que possuía um programa de clara inspiração
fascista.
O campo progressista no Brasil hoje se
encontra representado por várias candidaturas presidenciais e inúmeros arranjos
regionais com vários interesses locais específicos, como é típico de eleições
gerais no Brasil. No entanto quando somadas as intenções de voto dos candidatos
progressistas para as eleições Presidenciais, essas pesquisas nos dão uma
teórica vantagem até o momento.
No entanto, o nome mais lembrado nas
pesquisas de opinião é exatamente o do Presidente Lula, que se encontra
injustamente preso e virtualmente impedido de disputar as eleições. Não apenas
por impedimentos da legislação eleitoral que de fato podem ser questionados,
mas principalmente porque o golpe foi dado exatamente para prendê-lo e seria
até ingenuidade imaginar que por livre e espontânea vontade do consórcio
golpista ele seria libertado para disputar essas eleições.
Por isso não basta o enfraquecimento do
consórcio golpista para disputarmos com chance de vitória essas eleições.
Torna-se necessária unidade desse campo progressista que tenha interesse real
de barrar o projeto neoliberal e neocolonial imposto ao Brasil.
Essa unidade deve passar em primeiro
plano por um projeto político e programático claro que apresente alternativas
de desenvolvimento do Brasil. Nesse sentido as Fundações partidárias do PCdoB,
PT, PSOL e PDT assinaram um manifesto unitário, que teve participação do PSB na
sua elaboração. Esses mesmos partidos preparam agora o lançamento de uma Frente
Parlamentar que possa agregar outros participantes para além da sua própria
representação para, desde já, impedir no Congresso Nacional o avanço esse
projeto antinacional.
Consideramos que dessa forma pode ser
construído um caminho que possa nos levar a vitória nas urnas em 2018. Porém é
absolutamente necessário que esses partidos, despidos de qualquer hegemonia,
possam se unir em torno de um programa identificando a partir daí qual a melhor
tática para enfrentarem essas eleições.
O PCdoB disputa desde já com excelente
desenvoltura da sua pré-candidata a Presidente Manuela D’Ávila, a defesa das
ideias estipuladas no manifesto das Fundações Partidárias. Mas de antemão a
própria Manuela afirma que em nome da unidade admite discutir uma alternativa
comum que envolva todos os partidos e segmentos da sociedade que almejam garantir
a realização das eleições em 2018, com a finalidade barrar o projeto golpista
vinculado ao grande capital financeiro, abrindo espaço para a construção de um
Projeto Nacional de Desenvolvimento, que valorize o trabalho e a produção como
elementos chaves desse projeto.
*Presidente do PCdoB no Recife
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