21 agosto 2018

Dados e análises


Pesquisas eleitorais, amor e ódio
Luciano Siqueira, no Blog da Folha

O falecido vereador Liberato Costa Junior costumava desafiar quem em algum momento da vida havia presenciado o enterro de um anão ou sido abordado por um pesquisador do Ibope.
Em geral a resposta era negativa, ao que o velho Liba concluía: 

- Pesquisa eleitoral acredito apenas na que faço, andando pela cidade!

Mas não cabe alimentar descrédito em relação aos institutos de pesquisa. 

O fato é que as pesquisas cumprem um papel relevante no evolver das batalhas eleitorais. E provocam emoções variadas.

Embora seja quase unânime a percepção de que nas últimas décadas a metodologia empregada pelos diversos institutos tenha se aperfeiçoado, e assim as convertem em instrumento realmente útil, o seu uso nem sempre se faz de modo racional.

Frequentemente há duas análises dos dados de pesquisas: uma para consumo interno dos comandos das campanhas, a outra para divulgação ampla.

Ora convergem entre si, ora são díspares – quando os números são negativos para quem os avalia.

A comemoração antecipada de índices vantajosos é sempre um risco, pois revelam apenas tendências influenciadas fortemente pelo momento da luta.

Quando se dá uma reversão, administrar a tendência à queda não é fácil, quando não impossível.

Agora que a campanha começa, diversos institutos divulgam os números de suas sondagens. Aos analistas, cabe avaliar cada uma conforme a metodologia usada, a data em que os questionários foram aplicados, a natureza das perguntas formuladas.

Ao leigo, que apenas se informa pelo noticiário, não é fácil entender com clareza o que se passa. A mídia não faz a análise criteriosa e fria, toma partido e acentua este ou aquele detalhe em favor dos seus candidatos preferidos.

Hoje cedo ouvi no rádio conjecturas sobre a última pesquisa Ibope para a presidência da República em que, de modo tendencioso e evidentemente partidarizado, comentaristas examinavam os índices de intenção de voto em Lula e, na hipótese da negação judicial de sua candidatura, ao seu substituo, Haddad.

A conclusão apressada era de que Lula não conseguiria transferir as intenções de voto em percentuais elevados.

Isto ainda muito antes mesmo da repercussão do hipotético impedimento do ex-presidente junto ao eleitorado e da divulgação mais ampla do nome do seu substituto.

Tal como os dirigentes partidários e estrategistas de campanha, analistas midiáticos sabem muito bem que as tendências reveladas nas pesquisas são sujeitas a fatos marcantes durante a peleja e qualquer afirmação assim tão categórica corre sério risco de morte súbita.

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