Demitido, Mourinho foi engolido por próprio
personagem
Enquanto futebol
segue Guardiola, técnico do Manchester United deixou o clube
Tostão, na Folha
de S. Paulo
Mourinho foi demitido do Manchester United por
causa de péssimos resultados e desempenhos. Uma das razões foi o crescimento
técnico, neste ano, das outras grandes equipes inglesas. A gota
d´água foi o massacre técnico e tático sofrido na derrota para o Liverpool.
Mourinho, mais uma vez, preferiu o razoável Fellaini a Pogba, já que o craque
francês, às vezes, inventa e transgride as regras do técnico.
Mourinho,
nas grandes equipes, especialmente no Real Madrid,
onde quis ser o anti-Guardiola, se tornou, por ter mais conquistas que
fracassos, o símbolo do treinador pragmático, utilitarista, que prioriza a
marcação e os contra-ataques e que, contra fortes adversários, costuma “colocar
um ônibus à frente da área”. Além disso, passou a ser um técnico prepotente,
ranzinza. Mourinho criou um personagem e se apaixonou por ele. A criatura
engoliu o criador.
A
tendência mundial das grandes equipes é seguir o modelo Guardiola,
de pressionar, de tentar recuperar a bola onde a perdeu e de formar times
compactos, que jogam com intensidade, troca de passes e triangulações, de
maneira eficiente e prazerosa. O torcedor também evoluiu e passou a exigir um
futebol bem jogado.
Evidentemente,
os grandes times têm suas particularidades. O Manchester City possui
várias. Como os pontas atuam abertos, os laterais passam a ser armadores, ao
lado do volante, formando um trio no meio-campo. Com isso, os dois
meio-campistas avançam para receber a bola mais perto do centroavante, entre o
meio-campo e os zagueiros adversários. Na prática, o time tem cinco atacantes,
dois pontas, um centroavante e dois meio-campistas. Quando a equipe perde a
bola e não dá para marcar por pressão, todos voltam para marcar, com exceção do
centroavante.
O Liverpool mudou
a estrutura tática e passou a jogar com dois volantes, dois jogadores abertos,
que atacam e defendem, um meia de ligação (Firmino) e um centroavante (Salah),
em vez de três no meio-campo e três no ataque. Funciona bem das duas maneiras.
Muito mais importante que o sistema tático é a intensidade, a movimentação e
maneira organizada e explosiva de atacar, do início ao fim do jogo.
Outras
grandes equipes europeias, como PSG, Real
Madrid, Barcelona, Bayern, Juventus e Atlético de Madri, alternam,
em um mesmo jogo, estilos defensivos e ofensivos. Mesmo o Atlético de Madri,
que se destacou, nos últimos anos, pela marcação, tornou-se também um time
ousado. Além das equipes inglesas, todas estas são candidatas ao título europeu.
A Liga dos
Campeões está mais equilibrada.
No
Brasil, com raras exceções, os técnicos são mouristas, cada um de seu jeito.
Alguns jovens chegam com novas ideias, mas são consumidos pelo péssimo e
desorganizado calendário, pelos vícios acumulados durante longo tempo. Há
também um medo de inovar.
Sampaoli e Fernando Diniz,
novos técnicos de Santos e Fluminense, são guardiolistas, bielsistas. A
dificuldade principal de Fernando Diniz não é a estratégia de jogo, e sim a
incapacidade de fazer com que os jogadores executem bem o que foi planejado,
por ineficiência e inexperiência do treinador e pelo pouco talento individual
dos atletas.
Guardiola
é excepcional porque faz ótimos jogadores evoluírem, por atuarem em equipes
organizadas e inovadoras, de acordo com suas características, e não porque
transforma equipes individualmente modestas em brilhantes e vencedores times.
Acesse
o canal ‘Luciano Siqueira opina’, no
YouTube https://bit.ly/2SVup2z
Leia mais sobre temas da atualidade: https://bit.ly/2Jl5xwF
Nenhum comentário:
Postar um comentário