O
barco de Trump afunda e a diplomacia brasileira vai atrás
André Araújo, Jornal GGN
O
pedido de demissão do Secretário da Defesa dos EUA, General James Mattis com a
entrega a Trump de uma longa carta de críticas ao Presidente e suas decisões
erráticas e improvisadas é o começo de uma nova e grande crise em Washington.
Mattis
não deixou pedra sobre pedra e demoliu o que restava da reputação de Trump como
politico a ponto de muitos Senadores Republicanos dizerem na TV que Mattis tem
razão.
O que detonou
a demissão foi Trump ter mandado as tropas americanas sairem da Siria em
mensagem pelo twitter, sem falar com Mattis. A decisão fez enorme estrago
estratégico, não pelo volume da tropa, apenas 2.000, mas pelo simbolismo da
presença militar americana, o que garantia os curdos, protegidos dos EUA.
Os principais
países europeus protestaram imediatamente por esse decisão sem avisar aliados.
As desculpas dadas por Trump foram também criticadas no Congresso e pelos
aliados, "para não gastar dinheiro americano" como se
todo conflito fosse apenas uma questão de custo e não de razão geopolítica.
Mais chocante
ainda, segundo Mattis, foi tratar de um assunto dessa seriedade pelo twitter e
sem avisar a cadeia de comando militar tanto em Washington como no Oriente
Medio, Trump não tem o mínimo respeito por hierarquia ou responsabilidade
operacional, brinca com as situações.
O cerco se
fecha sobre Trump, não há mais nomes de 1ª ou 2ª linha que queiram trabalhar
nesse Governo. Em dois anos perdeu um Secretário de Estado, um de Defesa, dois
Assessores de Segurança Nacional, a Embaixadora na ONU, dois Chefes da Casa
Civil. Nenhum outro Presidente teve essa debandada na primeira metade do
mandato e pensar que o futuro Presidente do Brasil vai amarrar sua rédea nesse
tronco furado.
Hoje no JORNAL
DAS DEZ o veterano Embaixador Marcos Azambuja em entrevista a João Borges
detonou a alardeada politica externa de Bolsonaro, com a elegäncia do velho
Itamaraty. Significativa é a própria entrevista, a Globo não age por acaso e
Azambuja obviamente fala pelo "establishment" do Itamaraty como
instituição, foi Secretario Geral e conhece a Casa de Rio Branco como a palma
da mão, tendo incontestável liderança na corporação.
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