Gol contra em jogo
difícil
Luciano
Siqueira
Em que circunstância vale a pena
alimentar briga entre amigos? Nenhuma, pois leva a nada. Ou, pior, conduz a decidias
permanentes e incontornáveis.
Na luta política essa assertiva é
mais do que evidente. Assim mesmo, sempre há os que optam pela irracionalidade,
superpondo suas próprias ideias e intenções ao interesse comum.
Tão grave e danoso que faz parte
da tática política, como um dos seus pressupostos, sobretudo numa correlação de
forças adversa, explorar contradições e desavenças no campo adversário.
No Brasil de agora, prestes a se
iniciar um governo mesclado de primarismo obscurantista e imprevisibilidade,
mas com marca autoritária explícita, não há desserviço maior às forças
políticas e segmentos sociais que resistem em defesa da democracia do que
semear a discórdia e o conflito intestino.
Na prática, enfraquece o lado de
cá e escancara frestas por onde o adversário pode avançar. Ou, no mínimo,
realizar seus propósitos danosos sem a oposição devida.
O fenômeno — exagero na abordagem
das diferenças, transformando-as em divisões quase incontornáveis — acontece em
plano nacional e local, invariavelmente fruto de uma visão tacanha,
reducionista e infantil da luta política.
Nem a experiência recente do
pleito presidencial, em que uma almejada frente ampla democrática foi inviabilizada
por aspirações hegemonistas, serve de lição.
Raciona-se que, apesar das
consequências de políticas elitistas sobre as condições reais de vida do povo,
cabe disputar terreno entre aliados, a qualquer custo, mesmo enfraquecendo a
luta comum contra essas políticas.
É o chamado gol contra por
desatino e leviandade.
Assim, parte da resistência passa
necessariamente pelo combate a posturas inconsequentes, que demandam
enfrentamento no terreno das ideias, travando-se a boa polêmica com respeito às
diferenças e em busca de consenso possíveis.
Mais: reproduzir e ampliar experiências
concretas de união de forças no âmbito da chamada "grande política" e
no micro universo de cada localidade.
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