Luta de longo curso
Luciano Siqueira
A aprovação do governo Bolsonaro despenca em 15%, segundo Ibope. Uma recorde de rejeição com apenas dois meses de governo.
Luciano Siqueira
A aprovação do governo Bolsonaro despenca em 15%, segundo Ibope. Uma recorde de rejeição com apenas dois meses de governo.
Os
rastros da visita do presidente e sua comitiva aos Estados Unidos seguem como
mote de ridicularizarão do governo brasileiro na cena internacional.
E há
como que uma surpresa geral diante da precariedade do presidente e de parte do
seu ministério, muito distantes de uma compreensão mínima da dimensão dos postos
que ocupam.
Mas
não nos enganemos: a ascensão de Bolsonaro à presidência da República,
monitorada pelos Estados Unidos e subproduto do golpe jurídico-parlamentar que
afastou a presidenta Dilma dois anos antes, configura o início de um novo ciclo
retrógrado, tendo como fio condutor a tentativa de impor à nação, a ferro e
fogo, uma agenda econômica ultra liberal, em contraste direto com as aspirações
e necessidades da maioria da população.
Essa
agenda não se viabiliza através do jogo democrático convencional. Necessita da
interdição, inclusive pela via jurídica, dos movimentos sociais, dos partidos
democráticos e do exercício crítico da intelectualidade progressista.
Demanda,
portando, uma oposição unida e consequente, movida por descortino estratégico.
Mas no
meio do caminho há muitas pedras, sobretudo de caráter subjetivo.
Predomina
na esquerda uma visão simplista de que o resultado do pleito presidencial foi
um acidente de percurso, na esteira da descrença geral na política e nos
partidos e da manipulação das redes sociais.
E,
senso assim, o atual governo não teria futuro, estaria fadado a inevitável fracasso
e, por conseguinte, uma vitória da oposição no próximo pleito viabilizaria a
retomada do ciclo progressista.
Nesse
contexto, pela pressão popular e pela solidariedade internacional, Lula seria
libertado e, pelo voto da maioria nos braços do povo, voltaria ao governo
central.
Nada mais
simplório e inconsequente.
É preciso
sim, sem vacilações, resistir ao atual governo tanto através da chamada grande política
– no Parlamento principalmente – e também pela base da sociedade.
Identificar
em cada segmento social o mote próprio da resistência e conectá-lo com a defesa
da democracia sob ameaça.
Em cada
lugar e em todas as frentes de luta, unir forças em favor uma ampla frente
democrática capaz de lograr o êxito desejado.
De outro
modo, pelo caminho da disputa hegemonista e fratricida entre as correntes de
esquerda chegaremos a lugar nenhum.
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