Francisco Rebolo
O esperado confronto entre o Corinthians de
Carille e o Santos de Sampaoli
Duelo
põe frente a frente dois técnicos bons que têm estilos de jogo diferentes
Tostão, Folha de S. Paulo
Durante
o Carnaval, li um trabalho de pós-graduação, doutorado em letras, do Centro de
Ciências Humanas e Naturais, da Universidade Federal do Espírito Santo, de
autoria de Leandro Siqueira Lima, com o título “Crônicas de Tostão: Futebol e
Ética, Vida e Literatura”.
Sem
querer falar de mim, mas falando, fiquei contente e orgulhoso. Somos todos
vaidosos e dependentes da aprovação do outro, uns mais, outros menos. Agora,
entendo melhor o que escrevi nesses 20 anos.
Algumas
coisas, nem sabia. Além disso, o autor, paralelamente às abordagens de meus
textos, fez uma bela e precisa síntese sobre crônicas na literatura.
Alguns
leitores que encontro pelas ruas dizem que gostam do que escrevo, menos quando
falo de detalhes técnicos e táticos, pois não lhes interessam. Outros, ao
contrário, apreciam apenas o que falo do jogo, do futebol.
Há
ainda os que gostam das duas visões e os que não gostam de nenhuma. São os mais
lúcidos.
Depois
dessas abobrinhas, passo para o futebol. Os adolescentes do Ajax deram um banho de bola nos
craques do Real Madrid. A goleada foi ensaiada na primeira partida, quando o
Ajax foi melhor, criou muitas chances, mas perdeu.
Lamento
a contusão de Vinícius Júnior, esperança do futebol brasileiro.
Repito
o que escrevi após as primeiras partidas de Vinícius Júnior no Flamengo. Ele
tem uma incrível habilidade e velocidade nas arrancadas iniciais e nos médios e
longos espaços, mas continua, como era no Brasil, com deficiências na
finalização, no passe decisivo e nas escolhas. Essas são as virtudes que
definem um craque.
As
pessoas continuam confundindo habilidade, técnica e criatividade. O talento é a
união, a síntese, dessas três características, mais a eficiência física e
emocional. Os craques possuem todas essas virtudes, porém, em variáveis
proporções.
Cristiano
Ronaldo tem uma técnica tão espetacular nas finalizações, que sua habilidade
costuma passar despercebida. Messi tem a habilidade, a técnica e a criatividade
dos grandes armadores e atacantes. Embora seja nitidamente inferior, Neymar
também possui esse imenso repertório.
Mbappé
e Hazard têm ótima técnica, mas se destacam muito mais pela velocidade e pela
habilidade. Griezmann é essencialmente um jogador técnico, minimalista. Em
poucos movimentos, decide bem as jogadas.
A eliminação do
PSG não foi surpreendente, já que o time, sem Neymar, está no mesmo nível do
Manchester United. Inesperado foi os dois times vencerem no campo do adversário
por dois gols de diferença.
Nos
últimos momentos decisivos da carreira de Neymar, ele não estava presente em
três (as duas últimas Ligas dos Campeões e a Copa do Mundo de 2014), além de
ter jogado o Mundial de 2018, na Rússia, sem estar em suas melhores condições.
Tudo por causa das fraturas no pé e na vértebra, que não dependeram de sua
vontade.
Na
Libertadores, os resultados dos times brasileiros, na média, foram bons, mas
não o desempenho. Nas quatro vitórias fora de casa, os destaques foram os
goleiros. O Grêmio, que empatou, foi o que jogou melhor.
Neste
domingo (10), pelo Paulista, veremos um confronto bastante esperado, entre o
Corinthians, dirigido por Fábio Carille, um técnico muito bom no
posicionamento, na segurança e no jogo equilibrado, contra o Santos, comandado
por Jorge Sampaoli, um treinador que se destaca pela intensidade do jogo e por fazer
coisas diferentes e surpreendentes. Os dois são bons.
Viva
a diversidade!
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