10 março 2019

Duelo tático


Francisco Rebolo
O esperado confronto entre o Corinthians de Carille e o Santos de Sampaoli

Duelo põe frente a frente dois técnicos bons que têm estilos de jogo diferentes

Tostão, Folha de S. Paulo

Durante o Carnaval, li um trabalho de pós-graduação, doutorado em letras, do Centro de Ciências Humanas e Naturais, da Universidade Federal do Espírito Santo, de autoria de Leandro Siqueira Lima, com o título “Crônicas de Tostão: Futebol e Ética, Vida e Literatura”.
Sem querer falar de mim, mas falando, fiquei contente e orgulhoso. Somos todos vaidosos e dependentes da aprovação do outro, uns mais, outros menos. Agora, entendo melhor o que escrevi nesses 20 anos.
Algumas coisas, nem sabia. Além disso, o autor, paralelamente às abordagens de meus textos, fez uma bela e precisa síntese sobre crônicas na literatura.
Alguns leitores que encontro pelas ruas dizem que gostam do que escrevo, menos quando falo de detalhes técnicos e táticos, pois não lhes interessam. Outros, ao contrário, apreciam apenas o que falo do jogo, do futebol. 
Há ainda os que gostam das duas visões e os que não gostam de nenhuma. São os mais lúcidos.
Depois dessas abobrinhas, passo para o futebol. Os adolescentes do Ajax deram um banho de bola nos craques do Real Madrid. A goleada foi ensaiada na primeira partida, quando o Ajax foi melhor, criou muitas chances, mas perdeu. 
Lamento a contusão de Vinícius Júnior, esperança do futebol brasileiro.
Repito o que escrevi após as primeiras partidas de Vinícius Júnior no Flamengo. Ele tem uma incrível habilidade e velocidade nas arrancadas iniciais e nos médios e longos espaços, mas continua, como era no Brasil, com deficiências na finalização, no passe decisivo e nas escolhas. Essas são as virtudes que definem um craque.
As pessoas continuam confundindo habilidade, técnica e criatividade. O talento é a união, a síntese, dessas três características, mais a eficiência física e emocional. Os craques possuem todas essas virtudes, porém, em variáveis proporções. 
Cristiano Ronaldo tem uma técnica tão espetacular nas finalizações, que sua habilidade costuma passar despercebida. Messi tem a habilidade, a técnica e a criatividade dos grandes armadores e atacantes. Embora seja nitidamente inferior, Neymar também possui esse imenso repertório. 
Mbappé e Hazard têm ótima técnica, mas se destacam muito mais pela velocidade e pela habilidade. Griezmann é essencialmente um jogador técnico, minimalista. Em poucos movimentos, decide bem as jogadas.
eliminação do PSG não foi surpreendente, já que o time, sem Neymar, está no mesmo nível do Manchester United. Inesperado foi os dois times vencerem no campo do adversário por dois gols de diferença.
Nos últimos momentos decisivos da carreira de Neymar, ele não estava presente em três (as duas últimas Ligas dos Campeões e a Copa do Mundo de 2014), além de ter jogado o Mundial de 2018, na Rússia, sem estar em suas melhores condições. Tudo por causa das fraturas no pé e na vértebra, que não dependeram de sua vontade.
Na Libertadores, os resultados dos times brasileiros, na média, foram bons, mas não o desempenho. Nas quatro vitórias fora de casa, os destaques foram os goleiros. O Grêmio, que empatou, foi o que jogou melhor.
Neste domingo (10), pelo Paulista, veremos um confronto bastante esperado, entre o Corinthians, dirigido por Fábio Carille, um técnico muito bom no posicionamento, na segurança e no jogo equilibrado, contra o Santos, comandado por Jorge Sampaoli, um treinador que se destaca pela intensidade do jogo e por fazer coisas diferentes e surpreendentes. Os dois são bons. 
Viva a diversidade!
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