No comando, discretamente
Luciano Siqueira
No próximo sábado, 27, estarei completando mais uma fase de interinidade à frente do governo da cidade do Recife, desta vez por 10 dias.
Luciano Siqueira
No próximo sábado, 27, estarei completando mais uma fase de interinidade à frente do governo da cidade do Recife, desta vez por 10 dias.
A Lei Orgânica do Município determina que na ausência do prefeito,
neste caso em viagem ao exterior, o vice-prefeito deve assumir o cargo. Quando
da ausência do titular em território nacional por mais de quinze dias, idem.
Assim aconteceu muitas vezes (perdi a conta) nos oito anos em que
fui vice do prefeito João Paulo e há quase sete anos na gestão do atual
prefeito Geraldo Julio.
Felizmente sem sobressaltos, apesar de em algumas ocasiões, no
exercício do cargo, ter enfrentado situações críticas — como a tentativa de centenas
de manifestantes ocuparem o prédio da Prefeitura, episódios de chuvas severas numa
cidade vulnerável em suas áreas de morros, encostas e alagados ou agora quando
as praias do Recife estão ameaçadas de contaminação em razão do desastre
ambiental que atinge a costa nordestina.
Entendo que vice-prefeito (assim como vice-governador e
vice-presidente da República) deve trabalhar muito, contribuir se possível em
todas as esferas do governo e manter a serenidade e a discrição.
Da minha parte — permitam-me seguir fazendo esse registro —, tomo
o cuidado, inclusive, de nomear secretários para falarem pelo governo a
propósito de problemas em curso de certa repercussão pública, mantendo-me
relativamente reservado. Assim, além de valorizar o trabalho de cada um e de
sublinhar o sentido de equipe, conservo-me discreto e comedido.
Durante toda a interinidade permaneço despachando em meu gabinete,
ao invés de me transferir para o gabinete do prefeito.
Não creio que isso se prenda tão somente a um estilo pessoal. E só
o menciono aqui porque me parece oportuno anotar a responsabilidade de aliados
para com o conjunto do governo, na construção permanente da unidade e da
coesão, sob a liderança daquele ou daquela que o povo escolheu como governante.
Essa conduta cuidadosa em nada diminui a autoridade do governante
em exercício. Ao contrário, a fortalece.
No meu caso, ajuda muito a atitude generosa e fraterna adotada
pelo prefeito Geraldo Júlio, assim como aconteceu com o prefeito João Paulo
(hoje meu camarada no PCdoB).
Num tempo político em que tudo conspira em favor de desavenças e
da dispersão, mesmo entre correntes políticas e personalidades coligadas, acredito
estar contribuindo, ainda que modestamente, para reforçar o valor da convergência
e da unidade conviventes com as diferenças.
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