Na quizumba, o acúmulo possível
Luciano Siqueira
Quando o maior líder popular da história recente do país dá sinais de
que pretende cuidar de si mesmo e do seu partido, dando menor importância à
aglutinação das forças de oposição; e um ex-ministro, pré-candidato à
presidência da República por importante partido do campo democrático manifesta
desacordos através de palavras duras e depreciativos, a quizumba está
instalada.
Mais ainda, todos enxergam o próximo episódio eleitoral, no ano que vem,
com razão, uma ante-sala do pleito de 2022 e buscam acumular forças agora para
comparecer à mesa futuramente com as melhores cartas.
Assim, a bandeira da unidade é posta temporariamente a segundo plano e
se instala quase que um salve-se quem puder.
Ocorre que sem uma convergência futura de todas as correntes
comprometidas com a democracia a correlação de forças não se altera o êxito
desejado tende a ser adiado.
Aos que se colocam na posição mais consequente, combinando opiniões
próprias e independência política com largueza na busca da conjugação de forças
necessária cabe também, conforme suas possibilidades, buscar o acúmulo
possível.
No caso específico do PCdoB, além de ousar na apresentação de pré-candidaturas
às prefeituras e de construir chapas próprias às câmaras municipais verdadeiramente
consistentes e competitivas, cumpre dar um passo adiante na elaboração das
bases de uma futura plataforma de unidade do campo oposicionista em 2020 (na
hipótese de que se mantenha inalterado o calendário eleitoral).
Proposições avançadas e factíveis para as cidades agora estarão
necessariamente situadas no panorama nacional e poderão alimentar de dados e
intenções uma corrente de opinião destinada a cumprir um papel saliente no
desdobramento da luta.
Urge, portanto, mobilizar a inteligência coletiva — quadros partidários
e democratas sem partido ou de outros partidos acessíveis à construção coletiva
das propostas. Isto em íntima relação com os movimentos sociais.
[Ilustração: LS]
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