17 outubro 2020

Palavras que confundem...

Super o quê?

Luciano Siqueira

 

Não domino nenhum idioma além do nosso português brasileiro, mas ouço atentamente o que se diz em outros idiomas. Ufanismo à parte, falamos e escrevemos do modo mais rítmico, musical e esteticamente bonito do que qualquer outro povo do mundo!

Só o francês chega perto da gente, quando fala de amor.

Opa! Eu disse que “domino” nossa língua culta e bela?

Errado!

Domino não. Escrevo até bem, reconheço – porque leio muito -, mas não sei das regras de gramática e de sintaxe e aqui e acolá tropeço quanto ao modo correto de grafar determinada palavra.

Nunca tive paciência de aprofundar o conhecimento, digamos, técnico do nosso idioma. Já tentei, mas não persisti.

Durante muitos anos alimentei uma espécie de sentimento de culpa por isso, até que li de Fernando Sabino, consagrado cronista mineiro, a confissão de que escrevia com uma gramática e um dicionário à mesa, justamente para se socorrer de suas deficiências “técnicas”.

Hoje a gente escreve digitando e com um simples toque consulta dicionários virtuais.

Pois bem. Sei que todo idioma – sobretudo de uma jovem nação como a nossa – está em permanente construção. Neologismos “pegam” se incorporam ao dicionário. Expressões idiomáticas de ocasião conquistam permanência anos a fio.

Aceito tudo de bom grado.

Mas não gosto de certos vícios de linguagem que de tempos em tempos surgem com força. O uso do gerúndio, por exemplo.

- Amanhã estarei participando de uma reunião no Alto da Bela Vista.

Por que não amanhã participarei de uma reunião?

O advérbio enfim, então, irrita. O cara começa a contar uma história e três palavras iniciais pronunciadas intercala um enfim totalmente descabido!

E a interjeição super aparece como penetra incômodo em frases como:

- Estou fazendo uma super introspecção orientada pela meu terapeuta...

Nunca fiz terapia, sou capaz de fazer apenas para saber que diabo vem a ser uma super introspecção, em que difere de uma introspecção...

Paro por aqui para não entrar nas expressões que a turma mais jovem usa como quem fala entre os dentes e me deixam voando, sem nada entender. Feito aqueles emoji que se usam à exaustão no WhatsApp e que me deixam perdido, não consigo entender a maioria.

Bom, devo reconhecer, sou do século passado e tenho mesmo que conviver com esses vícios horrendos...

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