Tite está atento aos novos tempos, mas precisará de sabedoria e ajuda
Seleção realizou
coisas diferentes das que fez na Copa de 2018, nos amistosos e na Copa América
Tostão,
Folha de S. Paulo
Diferentemente
da maioria dos treinadores brasileiros, Tite mostrou, nos dois jogos pelas
Eliminatórias, que está atento ao que acontece no mundo. A seleção realizou
coisas diferentes das que fez na Copa de 2018, nos amistosos e na Copa América.
Coutinho,
que jogava de uma intermediária à outra, sem conseguir, pois não tem força
física para marcar e avançar, atuou contra a Bolívia e o Peru mais perto da
área, onde pode driblar, trocar passes e finalizar, o que faz muito bem.
Neymar
atuou livre, mais perto do gol adversário, geralmente da esquerda para o
centro, deixando um espaço na ponta para o lateral Renan Lodi avançar, pois é
rápido e cruza bem.
A
seleção atuou nos dois jogos com cinco jogadores no ataque (Richarlison ou
Everton, Coutinho, Neymar, Firmino e Renan Lodi), como é frequente em algumas
equipes, como o Atlético-MG, o Manchester City, o Liverpool e outros. Além
disso, o time brasileiro tentou marcar por pressão e recuperar a bola mais
perto do outro gol, o que fazia pouco.
Porém, há
sempre um porém, as equipes que jogam dessa maneira costumam deixar espaços na
defesa e perder alguns jogos, até por goleada. O Peru fez dois gols e poderia
ter feito mais.
Os
espaços ficaram muito grandes para Casemiro e Douglas Luiz marcarem no
meio-campo. Danilo fechava para ser um terceiro pelo meio, mas tinha de cuidar
também da lateral-direita, ainda mais que nem sempre dava tempo para Richarlison
ou Everton voltarem para ajudar pelo lado. Qual será a postura tática do Brasil
contra um grande time europeu? Eis a questão.
Eu teria
convocado Filipe Luís, que nunca jogou tanto quanto agora no Flamengo. Poderia
ser uma opção, em vez de Renan Lodi. Tite teria a alternativa de inverter os
lados de marcação e de apoio. Poderia jogar com Filipe Luís como um construtor
do lado esquerdo, com um ponta aberto, e escalar Danilo de lateral, para marcar
e avançar pelo lado, pois não tem talento para ser um construtor do lado
direito, um armador de jogadas, como quer Tite.
O Brasil
tinha cinco no ataque e poucos jogadores para marcar. Isso me lembrou do 7 a 1, quando Felipão, desde o início do jogo,
encheu o time de atacantes e deixou apenas dois no meio-campo, enquanto a
Alemanha, com vários armadores, trocava passes, ficava com a bola e envolvia o
time brasileiro.
Por falar em
Felipão, sua contratação
pelo Cruzeiro, além de ter sido a de um grande personagem, que pode
estimular positivamente a equipe, representa uma busca pelo imponderável, pelo
inexplicável, pelo mistério. Não acredito no mistério, mas ele existe. Quem
sabe dá certo?
Volto
à seleção atual. Após o 5 a 0 sobre a
Bolívia, Tite disse que Neymar é agora o arco e a flecha, por não
ter feito, mas por ter dado vários passes para gol. Quando estreou pelo Santos,
o menino já era arco e flecha. Sempre foi excepcional para dar passes e fazer
gols. Além disso, finaliza com os dois pés, é veloz, dribla como nunca, bate
escanteios e pênaltis e faz tudo com enorme precisão.
Falta a
Neymar ter mais calma e paciência para esperar o momento certo de brilhar. Ele
é apressado, ansioso para dar show em todos os lances. Isso gera muitos
confrontos físicos, com riscos de expulsões, contusões e simulações.
Tite está atento aos novos tempos. O treinador vai precisar
de sabedoria e de ajuda, não somente de seus bons e científicos analistas de
desempenho. Não basta saber, é preciso saber fazer e observar bem, às vezes sem
estar a pensar.
Quando
nem a liturgia do cargo ele respeita https://bit.ly/2R8mIH7
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