Têm razão o presidente Lula e os partidos que o apóiam em comparar os três anos e meio do atual governo com os oito anos de Fernando Henrique Cardoso. O contraste é imenso, com larga e insofismável vantagem para Lula. Tanto que o candidato tucano, Alckmin, parece fugir disso – precisamente pela consciência de que a polêmica lhe é desvantajosa. Outro dia, falando para funcionários públicos municipais, registrávamos algumas diferenças marcantes entre os dois governos quando alguém da platéia soltou o comentário bem ao gosto de nossa gente: “Assim é covardia, prefeito. É o mesmo que comparar Jesus Cristo com Zé Buchudo.” E é mesmo – dos indicadores macroeconômicos aos programas sociais, passando por medidas estruturadoras como a nova política industrial, o fortalecimento e a expansão das universidades federais, que se interiorizam. Porém não basta fazer comparações. É preciso ir mais adiante, tocar a bola pra frente, indicando um novo descortino para o desenvolvimento do país, com distribuição de renda e valorização do trabalho. E é aí que se salienta o papel dos partidos políticos que apóiam o presidente. A eles cabe justamente a análise o quanto possível racional do desempenho do governo nesses três anos e meio, cotejando inegáveis avanços e erros, falhas e deficiências. Especialmente no que concerne ao nível e ao padrão do crescimento econômico, que ainda se dá a taxas baixas quando comparadas com a média mundial. Em outras palavras, cabe aos partidos ajudarem o presidente Lula a dar nitidez ao projeto de governo, no sentido de avançar no rumo das mudanças num provável segundo mandato. O PCdoB faz a sua parte ao aprovar hoje, em Convenção Nacional, uma resolução a ser encaminhada a Lula, contendo proposições nessa direção. Os comunistas sugerem que o plano do novo governo fixe com clareza metas e caminhos ousados de crescimento, de investimento e de geração de empregos. E indicam a necessidade, por exemplo, de progressiva e consistente redução das taxas de juros reais; diminuição do peso da dívida pública e da dimensão exagerada dos superávits primários como pré-requisitos da recuperação da capacidade de investimento do poder público, da ampliação do mercado interno e do estímulo a novos investimentos privados em segmentos dinâmicos da economia. Este é um tema irrecusável na campanha eleitoral – para a formação de uma forte vontade desenvolvimentista na sociedade brasileira. (Coluna semanal no portal Vermelho www.vermelho.org.br. Texto publicado hoje, 29 de junho). |
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29 junho 2006
Comparações e bola pra frente
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