13 novembro 2008

Coluna semanal no Portal Vermelho

Benéfico pluralismo
Luciano Siqueira

Cotejados todos os resultados do último pleito municipal e feitas as considerações geopolíticas cabíveis, uma das constatações que se destaca no mapa eleitoral é a de que nenhuma corrente política saiu francamente vitoriosa. Prevalece um evidente pluralismo de forças.

Bom ou ruim? Para analistas ávidos de uma reprodução tupiniquim do bi-partidarismo norte-americano, péssimo. Mas quem deseja o avanço democrático no país, ótimo.

Ótimo por três razões.

Primeira, porque esse mosaico de forças mais ou menos equilibradas reflete a imensa complexidade da sociedade brasileira, seus conflitos, suas distorções, sua diversidade regional e intra-regional econômica, social, cultura e política. As urnas se apresentam como espelho disso.

Segunda, porque essa pluralidade contém em si dois elementos promissores: a progressão de uma correlação de forças políticas que e perspectiva reforça a luta pela transformação da sociedade; e a possibilidade de fortalecimento, a médio prazo, de correntes mais avançadas. O universo municipal na respalda o conservadorismo como muitos dizem e desejam.

Terceira, porque em tempo de ressurgimento de propostas de reforma política (o governo encaminhou recentemente à Câmara e ao Senado cinco pré-projetos de Lei e uma pré-Emenda constitucional), é muito bom que fique claro que medidas destinadas à ultra-concentração da representação partidária parlamentar conflitam com a realidade viva do país.

Nesse cenário, vale anotar que a construção de projetos eleitorais para 2010 passa necessariamente por partidos grandes e médios, não cabendo aos primeiros a primazia de tudo resolverem, deixando os demais a reboque de eventuais conchavos. Na formatação de chapas majoritárias nos estados, por exemplo.
(Aliás, a história do último pleito em algumas capitais e cidades importantes também é prenhe de exemplos de exclusivismos cupulistas que deram com os burros n'água).

A advertência serve também para forças hegemônicas em governos, nos diversos níveis, que não podem desconhecer o pluralismo reafirmado pelas urnas, sob pena de esbarrarem em sérias dificuldades políticas e administrativas.

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