20 novembro 2009

Bom dia, Cyl Gallindo

A sobrevivência do mangue

E a ponte esvai-se pelo rio
Trêmula navegante nula;
nas suas cáries residimos
logicamente crustáceos.

Bípedes arquitetando sombras,
planos rostos refletidos: nunca,
no aquático espelho dos sobrados
sustém o eco dos sentidos desusados
que mordem das impegadas mãos o tato.

Incerta lama convivida:
alma lama renascida ao sol.
Anfíbios (caranguejos, siris, meninos)
o peito ereto, as mãos para cima,
trazem as bandeiras de medalhas-lama.

Do céu ganhou a armação
em ossos: um nato esquife.
E o recheio, que lhe desse o rio.
Lá na Ponte Giratória, por mais que gire:
ossos que vivem a sobreviver de ossos!

Um comentário:

https://www.facebook.com/marselbotelho disse...

Tempo bom! Cyl Gallindo, Alberto da Cunha Melo, César Leal; antes, Carlos Pena Filho, Bandeira, Drummond, Cabral. Hoje, rabisco algo no papel... Falo com todos eles, mas eles não me respondem! Os poetas são muito atarefados.