Nem tudo o que reluz é ouro nem a TV faz milagres
Luciano Siqueira
Espera-se que a propaganda eleitoral na TV e no rádio, recém-iniciada, contribua para criar o clima de campanha na sociedade e, em certa medida, esclarecer o eleitor. Em certa medida, apenas: na mensagem dos candidatos, como soe acontecer, nem tudo o que reluz é ouro - o que exige do telespectador um esforço de discernimento.
Trata-se não só da ênfase na forma, cada vez mais acentuada pelos padrões "modernos" de propaganda, em que a linguagem do vídeo, plena de artifícios, via de regra se sobrepõe à necessidade de expor com clareza opiniões e propostas. O mimetismo também se faz pela mescla contraditória de personagens conhecidas, frequentando coligações aparentemente dissociadas dos seus reais interesses - nem sempre no intuito de enganar e confundir, reconheça-se, mas como produto do multifacético jogo de forças numa sociedade em que os partidos ainda não são instituições sólidas nem guardam (a maioria) coerência de propósitos.
Mais: as pesquisas correspondentes aos primeiros dias de programa eleitoral na TV no rádio não confirmam expectativas de oposicionistas, aqui e em âmbito nacional, de reduzir a escassez de intenções de votos – o que pode indicar que a campanha midiática, de inegável importância, não faz milagres. Pelo menos para quem se encontra em situação de franca inferioridade.
Depois, repercutiu amplamente a malfadada iniciativa da campanha de Serra de exibir no vídeo o ex-governador paulista ao lado de Lula. Parece que nem ajuda a convencer os eleitores que debandam para o campo oponente – a candidatura da ex-ministra Dilma -, e ainda descontentou seus aliados e apoiadores, a exemplo da Folha de S. Paulo que destilou sobre a cabeça do tucano diatribes em editorial sobre o assunto.
Isto posto, parece lícita a hipótese de que as tendências assinaladas no conjunto das pesquisas sobre o provável comportamento do eleitorado se apóiam em razões objetivas e subjetivas inalcançáveis, a essa altura da peleja, por artifícios midiáticos. É o que têm afirmado importantes analistas, alguns deles porta-vozes dos próprios institutos de pesquisa.
Pelo sim, pelo não, bom seria para o processo democrático que todos – situação e oposição – fizessem o melhor uso da TV e do rádio, e também da Internet, focando em propostas programáticas sua pregação, em favor de um melhor discernimento pelo principal interessado, o eleitor.
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