Quem foge da polarização no pleito presidencial?
Luciano Siqueira
Um artifício comum usado pelos que se sentem em inferioridade numa polêmica é a velha e simples tergiversação. E o modo mais primário de tergiversar é fugir ao âmago da questão, lançando mão de argumentos diversionistas.
Há quem ponha em dúvida a polarização de idéias no atual embate presidencial. Por equívoco ou mesmo em razão de interesses menores. Dizem alguns que procuram e não acham diferenças fundamentais entre as proposições dos dois principais candidatos à presidência da República, Dilma e Serra, quanto aos fundamentos macroeconômicos de nossa economia. Cobram, inclusive, da ex-ministra Dilma o anúncio de mecanismos de controle do fluxo de capitais – como se essa fosse uma medida a se prevê com tanta antecedência. No caso, o governante que a adotar terá que fazê-lo via Diário Oficial Online no início da madrugada, protegido de sigilo prévio absoluto, por razões óbvias. Pedir isso a Dilma agora é querer embaralhar o debate e criar dificuldades políticas a quem lidera a corrida sucessória.
Já o próprio Serra, investido da condição de candidato oposicionista, centra sua pregação em temas que, embora importantes, limitam-se ao setorial ou circunstancial. Tipo instalação de consultórios especializados na rede assistencial pública em bairros das periferias urbanas. Programa mesmo, que é bom e faz bem ao confronto democrático, fica borrado na pregação tucana.
O povo, mais sábio, certamente verifica quem está de que lado – na melhor expressão do adágio “dize com quem andas que eu te direi quem és”- e presta atenção às propostas que a ex-ministra defende para um futuro governo de continuidade e avanço. Daí a tendência marcante verificada nas pesquisas recentes, que apontam para a possibilidade da candidata governista vencer já no primeiro turno.
Na verdade, mesmo entre os que habitam campo da esquerda, há uma tentativa de obscurecer o que efetivamente estará em jogo no dia 3 de outubro. E com isso, quem sabe, embolar o meio do campo e abrir espaço para um segundo turno. Não são poucos os que se assustam (negativamente) com o crescimento de Dilma e a derrocada em queda livre de Serra. Na grande mídia, então, multiplicam-se os que se lamentam à Jeremias.
Cá na base, impulsionando nossas campanhas eleitorais nos estados, impõe-se, nesse cenário, instigar o debate e esclarecer as diferenças. E, assim, jogar lenha na fogueira da tão indesejada (pela oposição) e tão benéfica (para as forças governistas) polarização.
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