10 março 2011

No Jornal do Commercio, algumas opiniões minhas sobre o quadro político no Recife

Siqueira: “Pauta precisa mudar

Principal nome do PCdoB estadual, Luciano Siqueira convoca líderes da Frente Popular para frear o debate sobre a sucessão municipal, iniciado pela oposição

Conhecido pela posição moderadora e o comportamento conciliador, o deputado estadual e maior nome do PCdoB em Pernambuco, Luciano Siqueira, convocou, ontem, os principais líderes dos maiores partidos da Frente Popular – o governador Eduardo Campos (PSB), os senadores Humberto Costa (PT) e Armando Monteiro Neto (PTB) e o ex-prefeito do Recife, João Paulo (PT) – para que utilizem o poder de liderança para mudar a pauta política de debate na aliança, dominada desde o final de 2010 pela sucessão municipal da capital em 2012.

O dirigente comunista, e ex-vice-prefeito nas gestões de João Paulo (2000/2008), disse que o debate sucessório, entre os aliados governistas, é “precipitado, inadequado e inconveniente”, não ajuda à gestão João da Costa (PT) nem à Frente e está beneficiando apenas à oposição. “O bom senso pode prevalecer. Basta um esforço conjunto (das lideranças). Esses líderes não estão com essa pauta, agora, mas têm condições de alterá-la”, sugeriu Siqueira.

O deputado do PCdoB afirmou que, no momento, o que interessa aos partidos da Frente Popular é “acumular forças” para 2012, contrapondo-se à estratégia da oposição de antecipar o debate eleitoral sobre a sucessão de João da Costa. Luciano Siqueira considera que a oposição, em Pernambuco, enfrenta dificuldades para o confronto – inclusive pela sua diminuição na Assembleia Legislativa e na Câmara do Recife –, por isso está adotando a antecipação da discussão sobre a eleição para prefeito da capital como estratégia para crescer e recuperar espaço. “É uma pauta que só interessa à oposição, que está em dificuldade e se sente no dever de antecipar o debate sucessório. Nosso prazo é o Carnaval de 2012, não o de agora”, disse. Esbanjando confiança, o deputado destacou que a Frente Popular vive um momento histórico de fortalecimento, que só a quebra da unidade pode por em risco. “Nosso time está jogando a favor do vento. Só muita incompetência (política) pode nos levar a fazer gol contra”, transferiu a responsabilidade.

Siqueira revelou que a direção nacional do PCdoB decidiu que uma das tarefas imediatas preparar o partido para as eleições municipais do próximo ano. Em Pernambuco, a expectativa é lançar 15 candidaturas próprias a prefeito. Ressalvou, porém, que o PCdoB não tem pretensão majoritária no Recife, e que o candidato do partido será o candidato da Frente Popular, seja João da Costa para a reeleição, seja qualquer outro nome. “Nosso candidato será o da unidade”, afirmou, descartando a hipótese de uma desagregação e a dispersão na Frente, que leve a múltiplas candidaturas. “Desagregação? Seria um delírio em noite de lua cheia. Só se for para atender a interesses individuais ou de grupos. As forças da Frente Popular, em Pernambuco, estão em um momento extremamente favorável”, desprezou.

ENTREVISTA » LUCIANO SIQUEIRA
“Só muita incompetência para fazer gol contra”

O deputado Luciano Siqueira (PCdoB) diz que a Frente Popular tem que dar mais seis meses a João da Costa, para avaliar a gestão. Siqueira acredita que o volume de recursos – mais de R$ 1 bilhão – para investimentos na cidade será capaz de reverter os baixos índices de avaliação da gestão e levar a Frente a eleger o candidato, em 2012, reelegendo o atual prefeito ou elegendo um outro nome. “Seja João da Costa ou o que vier, terá que se amparar na unidade da Frente”, alertou.

JORNAL DO COMMERCIO – A antecipação do debate sucessório ameaça a unidade da Frente do Recife? Pode gerar a desagregação e dispersão?

LUCIANO SIQUEIRA – É uma chuva de verão (que não causa maior estrago). A discussão antecipada sobre 2012 não tem o menor sentido. Por que a dispersão? O time está jogando a favor do vento. Só muita incompetência para fazer gol contra. Essa discussão (a sucessão de João da Costa) não está na pauta dos partidos nem das ruas. Um governo tem três tempos: a implantação, a maturação e a colheita, que vem no terceiro para o quarto ano. João Paulo colheu os frutos faltando pouco mais de um ano para o fim do primeiro governo. Temos que dar, pelo menos, mais seis meses a João da Costa.

JC – O que pode mudar as avaliações baixas da gestão João da Costa?

SIQUEIRA – Há muitos investimentos em obras físicas, que é o que mais impressiona. A gestão tem mais de R$ 1 bilhão em investimentos. Mesmo governos mal avaliados, não se pode descartar possibilidades. Suponha que daqui a seis meses a avaliação seja muito boa. Uma outra avaliação a considerar é a construção política da unidade das forças da Frente, numa perspectiva de vitória. O que também ainda está cedo. Seja João da Costa ou o que vier, terá que se amparar nessa aliança. Há, também, um governo estadual bem avaliado. Então, para o PCdoB as coisas estão em seu curso natural.

JC – Mas, entre os três tempos de um governo, os dois primeiros não estavam superados quando João da Costa assumiu (2009), na medida em que era uma continuidade do governo João Paulo e escolha deste?

SIQUEIRA – Não. Mesmo num governo reeleito ou de continuidade, há os três tempos, porque há mudança de equipe e muitos elementos novos. É preciso considerar, também, que João da Costa assumiu sob dois impactos: a crise econômica mundial, que o obrigou a cortes orçamentários, e um sério problema de saúde (que o levou a fazer transplante de rim no ano passado). Então, essas escaramuças (debate sucessório) são extemporâneas, não refletem a posição nem está na pauta dos partidos, nem a de seus líderes.

JC – Em Olinda, há três administrações conduzida pelo PCdoB, vai ser possível renovar a aliança com o PT?

SIQUEIRA – É uma unanimidade na Frente Popular que Olinda continue com o PCdoB, mas a eleição é daqui a uma ano e meio. Hoje, temos uma unidade ampla.
Jornal do Commercio Publicado em 08.03.2011

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