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19 abril 2011
Theodomiro: história viva
No Jornal do Commercio:
Theodomiro e a anistia
Militante do PCBR na ditadura e primeiro a ser condenado à morte no Brasil, no período da República, o hoje juiz Theodomiro Romeiro pede anistia política
. Em 1970, Theodomiro Romeiro dos Santos era mais um daqueles jovens que lutavam para reescrever a história do Brasil que vivia, então, o auge da repressão política contra os subversivos que lutavam contra o regime militar. Tinha 18 anos e integrava o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Num confronto com a polícia da ditadura, matou um sargento, ao ser preso.
. Tornou-se o primeiro condenado à morte do Brasil na República. A pena nunca foi executada com o passar dos anos foi sendo convertida, primeiro à prisão perpétua, depois a 30 anos, até chegar na definitiva, 13 anos de cadeia, dos quais nove foram cumpridos. Formado em direito, exercendo atualmente a magistratura é juiz 9ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região, no Recife , o ex-guerrilheiro quer, enfim, ser reconhecido como anistiado político.
. No final de março, 40 anos após ter sido condenado, Romeiro solicitou à Comissão de Anistia do Ministério da Justiça que o período em que permaneceu no cárcere, somado aos anos no exílio de onde voltou em 1985 sejam contados para fins de aposentadoria, sem que isso signifique compensação financeira. Não quero indenização. Quero apenas ser reconhecido como anistiado político para que o período que permaneci preso seja contado para a aposentadoria, diz.
. Após fugir da prisão, o ex-militante passou meses escondido antes de deixar o País em direção ao México e, posteriormente, à França.
. Além, claro, de seu pedido de anistia, Theodomiro Romeiro está acompanhando o projeto referente à instalação da Comissão da Verdade, que tramita no Congresso Nacional. Tenho muito interesse e espero que ela seja realmente instalada, diz. No entanto, discorda totalmente quando o assunto é penalizar crimes cometidos não apenas pelos militares, mas também por guerrilheiros que lutaram contra a ditadura como defendem as Forças Armadas e o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
. Isso de atribuir crimes aos dois lados eu não aceito, por dois motivos. Em primeiro lugar, lutar contra uma ditadura não é crime, é um direito. Segundo, ainda que se entenda que a esquerda cometeu crimes, eles já foram pagos, com torturas e prisões. Os militares é que ainda não pagaram pelo que eles cometeram, assinala o ex-militante do PCBR.
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