Renato Rabelo: a batalha estratégica contra a mídia hegemônica
No Vermelho, por André Cintra
Apresentando-se “não como presidente do PCdoB, mas como blogueiro”, Renato Rabelo participou, neste sábado (18/06), da oficina mais concorrida do 2º Encontro Nacional de Blogueiros Progressistas, em Brasília. Ao lado do ex-ministro José Dirceu e do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ), o dirigente comunista debateu “Os partidos e a luta pela democratização da comunicação”.
Segundo Renato, após o regime militar (1964-1985), o Brasil viveu duas décadas de “crise de projetos”. Favorecido agora pelo ciclo democrático-progressista aberto pelo governo Lula (2003-2010) e renovado pela ascensão de Dilma Rousseff à presidência, o país precisa efetivar reformas estruturais básicas, de caráter democratizante, nos marcos de um novo projeto nacional de desenvolvimento.
"É sob essa perspectiva que devemos entender a luta pela democratização dos meios de comunicação. A reforma da mídia não é uma luta conjuntural, uma luta qualquer – mas, sim, uma mudança estratégica”, apontou Renato. “Vejo o fortalecimento da mídia alternativa como os passos iniciais desse processo. Estamos apenas começando essa luta, que vai durar até a concretização da verdadeira ruptura.”
Ao comentar as propostas do Ministério das Comunicações do governo Dilma – como o Plano Nacional de Banda Larga e o debate sobre um novo marco regulatório da mídia –, Renato relativizou o poder do Executivo. “Esses avanços não dependem de um ministro, por melhor que ele seja. O povo é que é a força motriz da mudança. Precisamos mobilizar mais pessoas em torno dessa consciência crescente, aglutinar o máximo de aliados, para transformar nossa luta em força concreta.”
O dirigente afirmou que a democratização do setor se tornou “um trabalho prioritário” para o PCdoB. “Somos o único partido do Brasil que, além de uma Secretaria de Comunicação, tem também uma Secretaria de Questões da Mídia, para dar consequência às batalhas. À frente dessa pasta está o Altamiro Borges, o Miro, que vocês todos conhecem e que é um ardoroso lutador.”
Renato acrescentou que a luta por uma nova mídia não se limita ao Brasil. “Os setores conservadores que querem manter o status quo no mundo têm um grande poder na comunicação – que, para eles, é uma pilastra estratégica. Afora a força coercitiva, as armas, o capitalismo utiliza sobretudo a mídia para exercer seu poder, seu predomínio político e ideológico pelo mundo.”
Transformar os meios de comunicação, nesse sentido, é impulsionar a nova ordem geopolítica. “O mundo está em transição, com uma profunda crise em seu centro e o ascenso rápido de novos atores vindos da periferia do sistema, como os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Mas é impossível consolidar esse processo se a mídia monopolista não for derrotada.”
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