Quem sabe o que quer não se enrola à toa
Luciano Siqueira
Aqui não vai nem de longe qualquer pretensão a dar a conselhos a quem quer que seja. Nem deitar sentença num mundo – o da política – em que todos são maiores de idade, vacinados e quites com suas obrigações institucionais. Mas o comentário cabe – e o faço na dupla condição de partícipe ativo e de observador da cena.
Ocorre em Pernambuco, na atualidade, a continuidade de um ciclo que está longe de se esgotar e que ainda tem muito a produzir em resultados para a economia, para a melhoria das condições de vida da população e para o aprimoramento das práticas políticas. O marco é o pleito de 2000, com as surpreendentes vitórias de João Paulo, no Recife e Luciana Santos em Olinda. Ganha impulso com a primeira eleição de Eduardo Campos, já em ambiente favorecido pelo primeiro mandato do presidente Lula que repercutiu aqui de modo muito positivo e, sobretudo a partir de decisões estratégicas que proporcionaram a alavancagem de nossa economia desde empreendimentos industriais de ponta no Complexo Portuário de Suape, descortinou novo horizonte no estado.
O que já acontece na economia é muito, e muito mais ainda vem por aí. A duplicação do PIB do estado em médio prazo não é qualquer coisa. O êxito da gestão estadual comandada por Eduardo Campos, assentada em programa de governo avançado, focado na busca de superação dos principais entraves ao desenvolvimento do estado e no esforço de reduzir desigualdades intraregionais e sociais, desponta como fator decisivo daqui por diante. Isto num cenário em que o Nordeste cresce mais do que o Brasil e Pernambuco se destaca e se diferencia na região.
No terreno estritamente político, digamos assim, a Frente Popular joga a favor do vento, a torcida é imensa, enquanto o adversário queda desarticulado, sem prumo nem projeto. Basta não cometer erros importantes para continuar vencendo – e entre os erros possíveis, espécie de tiro no próprio pé, estaria a divisão da coalizão governista.
Tem um pleito municipal no caminho, no caminho tem um pleito municipal recheado de contradições. Verdade. É impossível manter todos juntos, solidamente unidos nas eleições para prefeitos e Câmaras Municipais. Mas é perfeitamente possível ultrapassar o episódio eleitoral evitando que discrepâncias e disputas momentâneas afetem o projeto maior – a coesão da Frente Popular em plano estadual mirando a continuidade e a consolidação do ciclo de oportunidades e conquistas.
Nada sugere que partidos e lideranças mais influentes não enxerguem isso. Por mais verdadeiro que seja o adágio de que, em política, nem sempre o óbvio é percebido, essa equação está mais clara do que a luz do dia. Daí a necessidade de se arrostar desencontros pontuais com a serenidade e a grandeza de quem sabe o que quer. E quem sabe o que quer não se engasga com espinha de peixe.
Que o adversário espere a abertura de flancos divisionistas do lado de cá é um direto, até uma esperança última por falta absoluta de proposta e rumo. Mas quem na Frente Popular lidera, ajunta forças e exerce influência pode e deve tornar essa esperança vã.
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