A morte pelo prazer e o prazer de morrer feliz
Luciano Siqueira
Publicado no Jornal da Besta Fubana
Sempre digo que gostaria de ter sobre o meu ataúde, quando dessa partir, escrito num pedaço de cartolina o meu protesto por estar indo, pois viver é antes de tudo um prazer – mesmo nas adversidades.
E morrer por prazer? Quer dizer, bater as botas no auge de uma situação prazerosa? A pergunta assim esquisita, ou fora de hora, faço diante da notícia de que nos EUA um estudo assinala que “sexo pode levar à morte”.
Calma, não se trata de mais uma descoberta daquelas que nos leva a crer que se tudo pode provocar câncer. Viver – mais do que arriscoso, como diria o personagem de Guimarães Rosa –, a julgar pelo volume de fatores de risco que a cada dia se anuncia, é fatal... porque dá câncer! Não, não é isso. Os pesquisadores norte-americanos são mais diretos, associam a morte à satisfação de um dos instintos mais caros ao ser humano: o sexo.
Vejamos. Eles partem do óbvio (“sexo, como qualquer atividade física, pode causar infarto em sedentários”) e recomendam a prática regular de exercícios. Quer dizer, como se trata de uma modalidade de esporte de alto rendimento – o ato sexual envolve todos os músculos do corpo humano -, quem não deseja correr riscos deve estar bem fisicamente.
(Mas atenção: não dá para você dizer à parceira, ou vice-versa, que nem jogador de futebol, “vamos pra cama que estou preparado física, técnica e psicologicamente e prometo ter um bom desempenho”. Faça isso não, porque a vontade some na hora).
Voltando à pesquisa, uma das conclusões é que “explosões repentinas de atividade física (como o orgasmo) aumentam significativamente o risco de um ataque cardíaco”. O que me leva a sugerir que, além da preparação física prévia, os parceiros cuidem de bem realizar a prazerosa atividade em três fases: antes, durante e depois. Sem pressa nem precipitações.
Creio que isso basta. Mas o dr Issa Dahabreh, do Tufts Medical Center, em Boston, com o espírito de porco ianque, vai adiante e adverte: as pessoas são três vezes e meia mais propensas a ter um ataque cardíaco ou uma morte súbita cardíaca quando fazem exercício do que se não fizessem. No entanto, também se apressa a esclarecer que fazer exercício é bom, claro. Mantém você em forma. E não corre risco se fizer as duas coisas não tão próximas uma da outra – o cooper ou a aeróbica e bem-bom na cama.
Porém, na dúvida, creio que é melhor morrer de prazer, se for o caso – e morrer feliz!
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