13 fevereiro 2012

Autonomia e convergência na coalizão partidária

O PT e os partidos aliados no Recife
Luciano Siqueira

Publicado no Blog da Folha

Agora é carnaval e todos se curvam às ordens de Momo, deixando as démarches políticas para depois da festa. Mas assim mesmo quem detém alguma parcela de responsabilidade na cena política do Recife – no âmbito da Frente Popular e, creio, igualmente nas hostes oposicionistas – é interpelado a cada passo. Mesmo quando as vozes são parcialmente abafadas pelos clarins e batuques.

A pergunta recorrente é se e quando afinal o PT tomará uma decisão face dúvidas e discrepâncias internas, que têm vindo a público com frequência, em torno da recandidatura do prefeito João da Costa, ou de sua substituição por outro nome. Pelo menos na parte que me toca, a resposta é óbvia é de que o assunto continua circunscrito ao próprio PT, não cabendo a nenhum partido interferir nos assuntos internos do aliado.

Aliás, o senador Humberto Costa, em entrevista à Rádio Folha, semana passada, fez questão de proclamar a absoluta autonomia do PT nessa matéria, precedendo a discussão com os demais partidos da Frente Popular. Em certa medida, ele tem toda razão.

Mas há que se ter em conta que, sem nenhum agravo à autonomia do PT, os partidos aliados podem e devem avaliar atentamente o evolver da situação, sem fugir a conjecturas nem se furtarem à formulação de hipóteses. Até para que, após o carnaval, recolhidas as fantasias e as máscaras, possam comparecer ao diálogo em condições de construir a unidade possível.

Tomemos por hipótese a recandidatura do prefeito João da Costa. É evidente que, mesmo que a decisão petista venha a se concretizar mais próximo das convenções em junho, o diálogo do prefeito e do seu partido com os aliados há que prosperar antes. O PCdoB, por exemplo, que tem se mantido fiel à resolução política adotada em setembro do ano passado, segundo a qual os comunistas refirmam a sua sintonia com o programa do governo municipal, dele participam ativamente e por ele se sentem corresponsáveis, se sentiriam mais confortáveis e otimistas se vissem aprimorados procedimentos políticos e administrativos que, a um só tempo, ampliassem os benefícios da gestão à população e tornassem os partidos aliados partícipes ativos da construção política. Sem preconceitos nem sectarismos.

Enquanto isso, arguindo razões por todos respeitadas, o PTB, sob a liderança do senador Armando Monteiro, instalou produtivo e sensato movimento de consultas aos demais partidos para examinar a alternativa tática de mais de uma candidatura majoritária da Frente Popular. Não interfere nos assuntos internos do PT, não nega a precedência dos petistas na busca de uma solução unitária, mas não se exime de perscrutar outros caminhos que possam nos levar à vitória em outubro.

Vencido o interregno momesco, voltaremos todos à mesa – já atentos ao tempo político.

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