17 novembro 2012

Cidades mais humanas no plano das ideias

"Caos Urbano" de Glauber Shimabukuro

No Vermelho, por Eduardo Bomfim:
Civilização do mal-estar


O problema central das lutas por cidades mais humanas é um tipo de civilização regressiva imposta à humanidade decorrente da hegemonia mundial, quase que absoluta, do capital financeiro da chamada nova ordem mundial, de caráter multifacetário com abrangência planetária.

Nessas últimas duas décadas operou-se paulatinamente, sistematicamente, uma espécie de engenharia maligna com vistas à tentativa de desconstrução de qualquer manifestação ideológica, cultural, política, conquistada pelos povos através dos tempos relativa a um mundo mais solidário, menos injusto, mais tolerante, razoavelmente democrático.

As consequências políticas, econômicas, sociais estão por aí, a olhos vistos com a crescente violência, o aumento galopante da criminalidade, o fenômeno arrasador do negócio das drogas pesadas em escala global, a crise estrutural do desemprego, a criminalização do exercício da política para melhor controlar a própria política que sempre conduziu os destinos dos Países e jamais deixará de ser assim.

Há em todo mundo um cheiro crescente de enxofre, inclusive no Brasil, típico dos tempos autoritários especialmente nos momentos de contestação, avanço ou insubordinação da consciência social quanto ao sentimento de que os de baixo já não mais suportam tanta desgraça e exploração desenfreada por parte de uma ínfima minoria de privilegiados milhardários deslumbrados, flanantes bem vestidos, frequentadores de um clube privado de beneficiários da nova ordem mundial.

Mesmo no Brasil com as ações de transferência de renda pelo Estado nacional nesses 12 anos modificando as condições de vida de dezenas de milhões de pessoas que saíram da linha de pobreza, incorporando-as ao mercado de trabalho com acesso a bens de consumo, políticas compensatórias para atender segmentos sociais, é difícil sustar as consequências nocivas da nova ordem mundial sobre a nação e os seus efeitos totalitários.

Sobrepondo-se vertiginosa obsolência de produtos e pessoas, um presente contínuo, a ausência do passado, a inexistência de um futuro solidário, a aridez de valores humanos individuais, sociais, minimamente respeitáveis.

Assim, além de se travar a peleja pelo progresso social, aqui e agora, impõe-se tremenda luta política de ideias alternativa a essa civilização do mal-estar generalizado, excludente, que conduz a humanidade ao abismo econômico, social e espiritual
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