Luciano Siqueira
Publicado no Blog da Folha
O fato é recorrente, aqui e alhures e em todas as dimensões
da política nacional. Numa correlação de forças escancaradamente adversa, e em
vias de se dá nova disputa, quem está por baixo tudo faz para espandongar as
hostes adversárias, superiores, nem que seja atraindo para a aventura uma das
suas facções e se posicionando sob a sua liderança.
Ao primeiro sinal de hipotética dissidência, alvissaras!,
quem sabe se abra a brecha tão desejada. Difícil? Sim, porém mais difícil ainda
é permanecer como está – sem eira nem beira; sem projeto, sem discurso, sem
rumo.
Passado o carnaval, a antecipação do debate sucessório
presidencial tende a ganhar velocidade exagerada, em descompasso com vida real.
PSDB, DEM e PPS, mais a oposição midiática que lhes dá a pauta e o ritmo, pelejarão
diuturnamente em duas trincheiras: atrapalhando e pondo gosto ruim no
desempenho da economia; e acenando a plenos pulmões a quem admita se desgarrar
da chamada “base aliada”.
A presidenta Dilma e as forças que lhe dão sustentação, por
seu turno, se esforçarão por colher os frutos das decisões ousadas que vem
tomando pela superação da orientação macroeconômica herdada da chamada era FHC e
persistindo no esforço de imprimir ao crescimento econômico a dimensão e a
sustentabilidade necessárias.
Temos, portanto, o embate entre dos campos e duas linhas de
ação: o campo governista empenhado em unir, fazer o país crescer, promover a
inclusão social e a melhoria das condições de vida de contingentes cada vez
mais amplos, afirmando a soberania, a democracia e a autoridade sobre o sistema
financeiro; e o campo oposicionista, cuidando a todo custo de dividir o campo
oponente, dificultar o alargamento das atividades econômicas, negar as
conquistas alcançadas pelo País e pelo povo, reverberar queixas e intenções do
capital financeiro.
Cabe observar como o comportamento de quem decidirá em
outubro de 2014: o eleitorado, cujas escolhas se fazem a cada pleito mais e
mais sensíveis ao estado da arte na economia e ao grau de satisfação das
necessidades fundamentais da maioria.
Claro que a política conduz o processo, mas é igualmente
claro que a vontade subjetiva dos atores presentes na cena há de ter um mínimo
de consonância com a realidade social objetiva. Aí está a força dos que
governam o País neste instante e a fragilidade dos que desejam dividir, alcançar
o poder e promover a regressão.
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