Plínio Palhano, artista plástico
Publicado no
Jornal do Commercio
Um dos
artistas ingleses que participou da famosa exposição “Sensation”, realizada em 1997, na Royal Academy of
Arts, em Londres, Damien Hirst, com
a curadoria da mostra assinada pelo empresário da publicidade e, hoje galerista
Charles Saatchi, tem, segundo o “Sunday Times”, de Londres, uma fortuna
estimada em U$ 350 milhões, construída com os seus truques de mercado através
de uma verdadeira máquina de vendas. A grande estratégia do artista de 47 anos
foi convencer os seus seguidores a desembolsar milhões por provocações
criadoras, tais como vivisseccionar animais; usar bitucas de cigarros nas
obras; apresentar um crânio humano fundido em platina e cravejado de diamantes;
e uma das mais famosas: um tubarão conservado em formol, vendida simplesmente
por U$ 12 milhões ao bilionário Steve Cohen, que é obrigado a preservar a obra em
refrigeração, já que quase a perdia porque o formol não estava dando conta do
trabalho de conservação.
Até onde
essa máquina irá funcionar retirando essas quantias dos bolsos de quem tem
muito e não sabe o que fazer? Alguns especialistas dizem que expor um Hirst,
como propriedade cultural dá visibilidade ao comprador, o faz distinguir-se
entre os simples colecionadores, pois se supõe que está acima de todos os
consumidores da arte contemporânea. Então não se leva em conta aí o gosto, a
admiração da obra por si; só, no caso, o nome do artista e a sua projeção nas
façanhas financeiras no mercado.
Mas mesmo assim,
com todo esse poder do artista no mercado de arte, na queda do banco americano
Lehman Brothers, em 2008, as suas obras foram atingidas pela bolha financeira e
começaram a cair na cotação dos preços, embora haja entre os colecionadores
mais sólidos uma busca por artistas que possam garanti-los quanto ao
investimento, a exemplo de Gerhard Richter, um artista alemão, considerado um
dos mais cotados atualmente, alcançando o preço de U$ 34 milhões, um valor
extraordinário por se tratar de um artista vivo. Também estão à procura dos
Pollocks, Warhols, Rothkos, Bacons.
Agora, o
martelo dos leilões internacionais bate para as obras de Damien com o preço bem
menor ao que alcançava no pico do mercado, mas continua como a grande estrela,
só que em lenta queda...
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