Thiara Milhomem: Organizados, teremos o poder de transformar o Brasil
Parafraseando Chico Science, quando o músico pernambucano afirmou que "é organizando que a gente pode desorganizar", Thiara Milhomem (foto), presidenta da União da Juventude Socialista (UJS) em Pernambuco, analisa o sentimento e a força transformadora dos jovens e o papel da UJS nessa luta. Leia abaixo a íntegra da entrevista.
Como você
avalia o anos de 2013, considerando o surgimento de uma "força"
popular jovem que se manifestou nas ruas cobrando soluções para demandas
antigas da sociedade?
Thiara Milhomem
- 2013 foi um ano de muita luta,
de muita conquista. É um marco de dez anos em que o Brasil passa por mudanças
na sua política de programas sociais, educacional. Em 2013, nós fazemos
um certo balanço dos frutos que nós colhemos. Foi um ano de muita conquista,
mas ao mesmo tempo de muita luta. Porque as conquistas dos brasileiros nesses
últimos dez anos ainda são poucas diante dos desafios que nós temos pela
frente, diante do potencial do país. Então, foi o ano em que o brasileiro teve
consciência disso e foi às ruas, lutou, pediu mais avanços, conseguiu ter
consciência do seu papel e de sua capacidade transformadora. Um ano muito
importante por causa disso. Nós vimos isso nas passeatas de junho, nas
atividades, greves, manifestações, que desde então pipocaram em todo o país.
Tradicionalmente,
os jovens, de modo geral, pouco se interessam ou se interessavam pela política,
pela participação nas lutas da sociedade. Avançou o nível de participação e a
consciência política da juventude depois de junho de 2013?
Thiara
Milhomem - Acho
que uma característica do Brasil é a participação dos jovens nas grandes lutas.
Todas as grandes lutas da História do Brasil teve a participação fundamental
dos jovens. Na abolição da escravatura, na resistência à ditadura militar, no
Fora Collor, nas grandes lutas do Brasil os jovens sempre marcou presença, o
que é uma característica do nosso país. Eu acho que, ao contrário, a juventude
brasileira é uma juventude que quer participar, é uma juventude que tem
consciência, que sofre muito na pele as dificuldades do país. Talvez seja um
segmento da população que mais sinta na pele as nossas dificuldades sociais,
que mais se indigna com isso, se manifesta, coloca opinião.
Agora, é
fato que a juventude não se sente representada por essa política tradicional,
não encontra espaço para participar dessa política, não consegue encontrar na
política mecanismos de transformação social. Isso é um desafio para a
juventude, mas é um desafio também para o Estado, para a política. É um
desafio porque os jovens precisam conseguir canalizar toda essa toda essa
vontade de transformação, de dispor de mecanismos que, de fato, consigam
transformar a sociedade.
Acho que
este ano trouxe uma boa lição disso. As passeatas de junho, as manifestações,
trouxeram avanços, trouxeram conquistas, se não foram conquistas que já
fecharam o problema, mas que fortaleceram a opinião dos jovens de que eles têm
a capacidade e o poder de transformar.
Qual o
caminho que a UJS pretende seguir para fazer com que a voz, a indignação,
desses jovens se tornem cada vez mais presentes no cenário político e social do
país?
Thiara
Milhomem - A UJS fala
para essa juventude toda, para esses centenas de milhares que foram às ruas,
que nós precisamos nos organizar. Como diria Chico Science "é organizando
que a gente pode desorganizar". Então, é o caminho é a organização, seja
através de partidos políticos, de organizações políticas ou não. Que seja
através de atividades que consigam juntar opiniões, ideias, em que as ideias,
as opiniões, as propostas coletivas sejam maiores do que o individual, sejam
maiores do que as minhas próprias opiniões. Então, é nos organizando que nós
temos o poder de fazer alguma transformação.
E a UJS se
propõe a ser uma dessas organizações, a UJS que em 2014 vai completar 30 anos
de existência, é filha da resistência à ditadura militar, é filha dos
guerrilheiros do Araguaia. Então, a UJS vai fazer 30 anos o ano que vem e se
propõe a ser essa organização que consegue juntar a juventude em torno do sonho
por uma sociedade mais justa, mais igualitária, uma sociedade socialista.
Hoje uma de
nossas principais bandeiras é a reforma política porque nós precisamos mudar
profundamente o sistema político brasileiro para que essas organizações, essa
juventude que tem opinião, que vai às ruas, que participa das redes sociais, de
conferências, de ongs, do grêmio da escola, dos diretórios acadêmicos, consigam
ser representadas e sejam representantes no nosso sistema político.
Quais é o
plano de ação da UJS para 2014, levando-se em conta, principalmente, que o
próximo ano é um ano eleitoral e isso cria condições para que a juventude
influencie ainda mais na escolha de nossos futuros representantes?
Thiara
Milhomem - O ano que
vem é o ano de aniversário de 30 anos da UJS e nós pretendemos realizar várias
comemorações que retomem a história da UJS e isso inclui uma caravana pelo
Araguaia para estudar a Guerrilha do Araguaia tão esquecida nas escolas, pouco
lembrada pela mídia. Além disso, 2014 é o ano do nosso congresso. Nesse
período, a nossa ideia é retomar a história de luta da juventude brasileira,
sobretudo, da história de luta da juventude brasileira no período democrático e
elaborar uma plataforma da juventude para Pernambuco e para o Brasil.
Nós temos
muitas ideias, muitas propostas, esse período de muita atividade nas ruas, de
passeatas, alimentou mais ainda e nós precisamos transformar isso em um
programa concreto de mais avanço para o Brasil, mais avanço em Pernambuco para
a juventude, para os estudantes, para os trabalhadores. Nós pretendemos
transformar isso em uma plataforma, aprová-la durante o período do congresso da
UJS, e fazer com que isso entre na pauta eleitoral.
Quanto as
eleições, nós achamos que o Brasil precisa continuar no caminho que está dando
certo nos últimos dez anos, sem o conformismo de que está tudo bem, mas
entendendo que nós já estamos em um caminho, já estamos construindo
transformações e com o ímpeto da juventude de pedir que essas transformações
sejam mais rápidas e mais profundas.
Audicéa Rodrigues, do
Recife, publicado no site www.pcdobrecife.com.br
e no portal Vermelho www.vermelho.org.br
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