Luciano Siqueira
Publicado no Blog de Jamildo (Jornal do Commercio Online)
Sempre foi assim – aqui e alhures, como se dizia antigamente.
Economia e política se entrelaçam, seja pelos interesses de classe que
expressam, seja porque é através da luta política que tais interesses se
concretizam. No frigir dos ovos, problemas econômicos são solucionados por meio
de decisões políticas.
Uma decisão política emblemática, e que resultou em enormes benefícios
para a economia pernambucana e regional, foi a localização da Refinaria Abreu e
Lima no Complexo Portuário de Suape, traduzindo a sensibilidade do presidente
Lula em relação à necessidade de reduzir desigualdades regionais mediante empreendimentos
industriais de ponta.
Outra face desse entrelaçamento é evidente nos démarches e
especulações em torno do pleito presidencial de 2014. Diz-se que a presidenta
Dilma terá chances de reeleição reforçada se a economia estiver bem; do
contrário, candidaturas oposicionistas terão possibilidades de crescer. Em certa
media é verdade, embora não retire da esfera política, das inclinações do eleitorado
em especial, o fato determinante do desenlace da disputa.
Nesse contexto, assistimos a um vai e vem incrível na mídia,
quanto a previsões sobre a taxa de crescimento do PIB, que mais do que um
informação econômica passa a ser trunfo político. Tudo pela construção de
ambiente social favorável, ou não, a propósitos eleitorais.
Se esse “debate” fosse sério, se estaria discutindo a essência
da questão: a inviabilidade da retomada do crescimento em patamar de 5% ou mais
mantendo-se o tripé câmbio flexível, metas inflacionárias ultra-rígidas e juros
altos. Mas não se discute isso justamente porque mudanças nesses condicionantes
macroeconômicos ferem interesses poderosos do setor rentista – o sistema financeiro
que domina a mídia e monitora rigorosamente editoriais e análises de colunistas
e blogueiros especializados.
Há outra questão essencial, muito mais terra a terra: a taxa de desemprego, diretamente
relacionada com as condições de vida da maioria dos eleitores. Segundo o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), “passou de 5,2% em outubro para
4,6% em novembro, e é a menor taxa de desemprego desde o início da série
histórica, em março de 2002, e coincide com a leitura apurada em dezembro do
ano passado. Em novembro de 2012, o indicador estava em 4,9%.”
Tudo a ver com o cenário eleitoral em formação. Diz respeito
principalmente à chamada nova classe média – ou, como convencionalmente se
denomina, classe C -, que na última década se expandiu extraordinariamente. Na verdade,
o contingente que se incorporou ao mercado de trabalho da produção de bens e
serviços e ao mercado de consumo atingiu a marca dos quarenta milhões de
brasileiros – o equivalente à população da Argentina.
Portanto, o fato de nos mantermos com taxas de desemprego
tecnicamente consideradas, para grande número de categorias profissionais,
pleno emprego, chega a ter mais importância eleitoral do que as oscilações do
chamado “mercado” em relação ao PIB do ano vindouro. Porque, em última
instância, o resultado do pleito possibilitará, ou não, as condições necessárias
para destravar o crescimento econômico com inclusão social.
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