Campanha eletrônica & mobilização de rua
Luciano Siqueira, no Vermelho
Esse “&” está muito bem posto: não há contradição
antagônica entre a campanha eleitoral através do TV, do rádio e da internet e a
mobilização do povo nas ruas. São complementares. E, quando bem articuladas,
potencializam as condições de vitória.
Mas o que ocorre, já há vários pleitos, é uma assimetria
significativa entre o “contato” com os eleitores através dos meios de
comunicação e o corpo a corpo tradicional, com vantagem crescente para a
comunicação à distância. O eleitor médio, digamos assim, é antes de tudo um
telespectador, ou ouvinte de rádio, ou (em parcelas crescentes, sobretudo da
população mais jovem) internauta. Sente-se confortável em casa, aonde recebe
por esses meios a mensagem dos candidatos. Já não há a necessidade se deslocar
à praça para o comício a fim de conhecer e ouvir os pretendentes a uma cadeira
no parlamento ou – na presente disputa – à presidência da República e ao
governo estadual.
Mesmo as caminhadas, animadas com jingles e apelos de
locutores treinados para esse mister, tão comuns cá em terras pernambucanas, já
não atraem público como antes.
Isto não quer dizer que a rua se tornou desnecessária. Nada
disso. Permanece como componente indispensável na alimentação do “clima” de
combate que anima a peleja. Contribui em muito para atiçar a militância e
apoiadores diversos, agentes da busca do voto no contato direto com seus afins
no ambiente de trabalho, na escola, no bairro e nos círculos familiares. Dá ensejo
ao registro de cenas que permitirão levar emoção à TV.
Entretanto, a campanha de rua, outrora ocupante de longos
três meses, praticamente se restringe a pouco menos de 60 dias, ao embalo do
programa veiculado na TV e no rádio. Só quando os candidatos ocupam espaços na
telinha é que a rua esquenta.
Aí é que o papel da militância consciente, organizada e
ativa tem o seu destaque. Seja em múltiplas reuniões de residência ou local de
trabalho, agitação em portas de empresas e escolas; seja na ocupação de cruzamentos
movimentados, realizando a velha a necessária panfletagem. Porque a luta
política é como o amor: sem o tempero da emoção a conquista se faz frágil e
vulnerável.
Por isso mesmo quando se coteja a correlação de forças entre
candidaturas majoritárias, o tempo de cada uma na TV, sobretudo para os
“comerciais” que se repetem intercalados na programação diária, tem peso
específico. Para quem governa, como Dilma, significa a chance de expor o
conjunto da obra, em contraponto ao bombardeio midiático cotidiano.
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