14 agosto 2014

Trincheiras da luta eleitoral

Campanha eletrônica & mobilização de rua

Luciano Siqueira, no Vermelho

Esse “&” está muito bem posto: não há contradição antagônica entre a campanha eleitoral através do TV, do rádio e da internet e a mobilização do povo nas ruas. São complementares. E, quando bem articuladas, potencializam as condições de vitória.

Mas o que ocorre, já há vários pleitos, é uma assimetria significativa entre o “contato” com os eleitores através dos meios de comunicação e o corpo a corpo tradicional, com vantagem crescente para a comunicação à distância. O eleitor médio, digamos assim, é antes de tudo um telespectador, ou ouvinte de rádio, ou (em parcelas crescentes, sobretudo da população mais jovem) internauta. Sente-se confortável em casa, aonde recebe por esses meios a mensagem dos candidatos. Já não há a necessidade se deslocar à praça para o comício a fim de conhecer e ouvir os pretendentes a uma cadeira no parlamento ou – na presente disputa – à presidência da República e ao governo estadual.

Mesmo as caminhadas, animadas com jingles e apelos de locutores treinados para esse mister, tão comuns cá em terras pernambucanas, já não atraem público como antes.

Isto não quer dizer que a rua se tornou desnecessária. Nada disso. Permanece como componente indispensável na alimentação do “clima” de combate que anima a peleja. Contribui em muito para atiçar a militância e apoiadores diversos, agentes da busca do voto no contato direto com seus afins no ambiente de trabalho, na escola, no bairro e nos círculos familiares. Dá ensejo ao registro de cenas que permitirão levar emoção à TV.

Entretanto, a campanha de rua, outrora ocupante de longos três meses, praticamente se restringe a pouco menos de 60 dias, ao embalo do programa veiculado na TV e no rádio. Só quando os candidatos ocupam espaços na telinha é que a rua esquenta.

Aí é que o papel da militância consciente, organizada e ativa tem o seu destaque. Seja em múltiplas reuniões de residência ou local de trabalho, agitação em portas de empresas e escolas; seja na ocupação de cruzamentos movimentados, realizando a velha a necessária panfletagem. Porque a luta política é como o amor: sem o tempero da emoção a conquista se faz frágil e vulnerável.

Por isso mesmo quando se coteja a correlação de forças entre candidaturas majoritárias, o tempo de cada uma na TV, sobretudo para os “comerciais” que se repetem intercalados na programação diária, tem peso específico. Para quem governa, como Dilma, significa a chance de expor o conjunto da obra, em contraponto ao bombardeio midiático cotidiano.
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