09 junho 2015

Organização consequente

UNE: maturidade e audácia

Luciano Siqueira, no Blog da Folha

Cerca 10 mil estudantes representado 98% das Universidades brasileiras celebraram, no último fim de semana, em Goiânia, o 54º Congresso da UNE (União Nacional dos Estudantes), elegendo a estudante paulista Carina Vitral presidente.
A UNE vive nos últimos anos estágio elevado de maturidade e audácia. 
Seria fácil à entidade nacional dos universitários brasileiros ceder às pressões da grande mídia e adotar, cegamente, a inconsequente posição de ser contra tudo e contra todos, em qualquer circustância. 
Contra os governos Lula e Dilma, por exemplo.
Estima-se que mais de setenta por cento das bandeiras históricas do movimento estudantil se tornaram realidade a partir de 2003. Seria equivocado, estreito e sectário se a UNE desconhecesse isso e deixasse de registrar tais conquistas. 
Por outro lado, a UNE jamais deixou de protestar e de mobilizar os estudantes em relação a posturas de governo que considerou e considera lesivos aos interesses da nação e do povo.
A UNE sempre esteve ao lado dos demais movimentos sociais, não raro no posto de liderança, nos últimos doze anos e meio no combate à política macroeconômica do governo, no combate à corrupção, pelo passe livre.
Como agora que se põe com vigor na defesa da democracia, da Petrobras, dos direitos fundamentais dos trabalhadores ameaçados pelo ajuste fiscal e de uma reforma política efetivamente democratizante. 
Aliás, juntamente com a CNBB e a OAB e mais de cem entidades da sociedade civil, o projeto de iniciativa popular pelo qual a UNE se bate, por uma reforma do sistema politico-eleitoral inclui dispositivo que extingue o financiamento empresarial privado de campanhas eleitorais, instrumento eficiente de combate à corrupção institucional.
A presidenta Carina Vitral, eleita em substituição à pernambucana Virgínia Barros, considera as mutações ocorridas no perfil do universitário brasileiro na esteira das conquistas sociais recém-alcançadas pelo povo e entende aí residir um imenso desafio: o de mobilizar, de modo unitário e convergente, essa força social heterogênea e plena de novas reivindicações em favor das bandeiras mais caras da comunidade estudantil e do povo. 
Que assim seja: combinando amplitude, combatividade e capacidade de saber apoiar o que é justo e combater sem tréguas o que não corresponde aos anseios e às necessidades dos estudantes.
Desse modo, o prestígio e a influência da entidade máxima dos universitários tenderá a se ampliar mais ainda, o que não aconteceria se adotasse a irresponsável conduta anarquista "hay gobierno? Se hay, soi contra".
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