Juliane Mercante
Três dias de um amante
do futebol
Êxtase e agonia de quem se rendeu
ao jogo europeu e se decepciona com o brasileiro
Juca Kfouri, na Folha de S. Paulo
Corintiano
e guardiolista, o cidadão acordou cedo no domingo (14) para ver o Manchester
City ganhar sem maiores problemas do Crystal Palace, em Londres.
Tentou
secar o Liverpool em seguida, mas, mais uma vez, ficou encantado com a atuação
do time de Jürgen Klopp, que superou o Chelsea por 2 a 0 e reassumiu a
liderança do Campeonato Inglês, com um jogo a mais que o City.
Realista,
não tinha a expectativa de ver o Majestoso, no Morumbi, à altura dos jogos
ingleses, mas, resiliente e otimista, esperava um bom clássico para começar a
decisão paulista.
O
medíocre 0 a 0 quase o exasperou, tão raras foram as emoções, escassas as
chances para um mísero golzinho.
Dormiu
irritado naquela noite, já pensando na terça-feira (16), reservada para dois
jogos das quartas de final da Liga dos
Campeões da Europa.
Barcelona,
seu único time além do Corinthians, muito pela Catalunha, e mais ainda pela
filosofia que mantém há décadas, receberia o Manchester United, a quem já tinha
derrotado no jogo de ida por 1 a 0, e a Juventus recepcionaria o alegre Ajax,
empatados por 1 a 1 no primeiro jogo, na Holanda.
Divertiu-se
a valer tanto com o jogo em Barcelona quanto com o em Turim.
Divertiu-se
e comemorou as vitórias do Barça, por 3 a 0, com mais um recital de
Lionel Messi,
autor de gol antológico, e da garotada holandesa, por 2 a 1, ambos
classificados para as semifinais do melhor torneio do mundo, aí incluídas as
Copas do Mundo.
Quem
vê apenas o resultado do jogo na Espanha imagina um passeio catalão. Mas não.
Os
ingleses imprensaram os donos da casa por 15 frenéticos minutos, acertaram o
travessão com 40 segundos e só pararam no golaço de Messi, aos 15, para
murcharem no segundo gol do argentino, graças ao frangaço do grande De Gea,
madrilhenho, ainda por cima.
Já
os meninos
holandeses não
tiveram o menor respeito pela Velha Senhora comandada pelo brilhante Cristiano
Ronaldo.
Os
britânicos foram jogar futebol e perderam.
Os
neerlandeses também foram jogar futebol e venceram.
Dormiu
ansioso pela quarta-feira (17) que teria pela frente.
Pela
tarde, bem entendido, com as outras duas partidas para definir os outros
semifinalistas: Porto x Liverpool e Manchester City x Tottenham.
Os
portugueses em desvantagem de 0 a 2; os pupilos de Pep Guardiola perdendo de 1
a 0.
Não
se decepcionou.
Nem
viu a vitória do ingleses sobre os lusitanos por 4 a 1 porque o 4 a 3 para
o City o
impediu.
Não
foi um jogo. Foi um épico, quatro gols nos dez primeiros minutos e gol anulado
pelo VAR, já nos acréscimos, o que daria a classificação para o time de Pep
Guardiola.
Um
embate que está para o futebol como a Ilíada está para a literatura universal.
Exagero?
Veja o jogo, leia o que se atribui a Homero.
Com
a diferença de que o 4 a 3 não se atribui a ninguém.
Foi
de Sterling, de Son e de Llorente.
Terminada
a epopeia em Manchester, preparou-se para ver Santos x Vasco, pela Copa do
Brasil, certo de que o time de Jorge Sampaoli tentaria, ao menos, jogar
futebol.
Depois,
ainda teria o Gre-Nal decisivo do estadual, garantia, ao menos, de tensão, e
Chapecoense x Corinthians, também pela Copa do Brasil.
Sim,
seu time jogaria e era quem despertava menor ansiedade, por já saber o que
veria: apenas a busca de bom resultado.
Seria
surpreendido?
Se
você veio até aqui sabe a resposta.
Corintiano
sofre?
Graaaaaande
Tostão!
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