17 abril 2019

Sem perspectiva


Nem os investidores acreditam
Luciano Siqueira

No recorde de desaprovação do presidente Jair Bolsonaro nos seus cem primeiros dias de governo há uma variável de peso acentuado: a perda de confiança de uma parcela expressiva da população. Inclusive dos investidores no mercado de capitais.
Numa economia excessivamente financeirizada e extremamente vulnerável às pressões externas, analistas levam em conta os índices de confiança dos chamados atores econômicos, vale dizer, os humores do mercado.

A Folha de S. Paulo publicou reportagem, dias atrás, dando conta de que a compra e venda de ações na Bolsa traduzem imensa descrença com a economia

Desde início do ano, os investidores vêm preferindo substituir papeis de empresas de consumo interno e por exportadoras.
Essa é uma variável que se interpõe à ânsia da equipe econômica ultraliberal de demonstrar a viabilidade de suas receitas num país periférico, embora considerado emergente, como o Brasil.
Seria o “case” de sucesso que ainda não existe em lugar nenhum do mundo. E disso parecem estar cientes os detentores do grande capital que especulam na Bolsa.
Também os arautos do ultraliberalismo na grande mídia se mostram apreensivos, tamanha a ginástica mental diária em favor da agenda regressiva do governo, em nome de um ansiado equilíbrio fiscal às custas de direitos fundamentais dos que vivem do trabalho.
Mesmo o complexo midiático Globo, com o qual o capitão presidente continua às turras, critica o governo, mas preserva a agenda econômica.
Pois bem. Sabe-se o peso das grandes redes de varejo em nossa economia. Se caem de cotação da Bolsa é porque não acenam com muitas possibilidades imediatas, tamanha a retração do consumo.
Daí o drama atual das Lojas Americanas, Magazine Luiza, Lojas Renner e Via Varejo e outras.
Segundo a citada reportagem da Folha, também vêm se desvalorizando as ações de administradoras de shoppings, como Iguatemi, BR Malls e Multiplan.
Em dimensão semelhante, padece o segmento industrial – vetor essencial do crescimento econômico -, defasado tecnologicamente, com baixa competitividade no mercado internacional e carente de propostas concretas da parte do governo.
Ou seja, não há sinais de recuperação da economia. Ao contrário, as previsões de crescimento do PIB para este ano, que inicialmente beiravam os 3% - sob o impacto da vitória eleitoral d a extrema direita -, já se reduzem a 1,3%.
Assim, a realidade objetiva teima em pedir um projeto nacional de desenvolvimento, sem o qual o Brasil seguirá patinando e perdendo terreno na complexa economia globalizada dos nossos dias – nosso destino inevitável nos marcos do governo Bolsonaro.
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