13 abril 2019

Redes antidemocráticas


Redes de arrasto
Eduardo Bomfim

A revolução tecnológica digital é um dos grandes fenômenos dos últimos tempos, associada aos aplicativos, que servem para qualquer coisa e função, o surgimento das redes sociais frequentadas por dezenas de milhões de pessoas, só no Brasil.

Ali interage uma espécie de sociedade que fala de tudo, opina, cidadãos em geral quando não “ativistas” conectados em escala global.

Se a dita revolução tecnológica é um fato irrefutável, a sua utilização para os fins de criar um clima social arejado e democrático não é apenas discutível, mas absolutamente falso.

Os seus efeitos são múltiplos, vários deles negativos. Relembro o Historiador, filólogo italiano Umberto Eco: as redes sociais deram voz à idiotia que não tem ideologia ou lado político partidário.

A sua capacidade de influência atinge, quase, toda a população brasileira. Mas os espaços de convivência é reduzido a “bolhas” de pessoas que possuem interesses ou afinidades em comum de trabalho, classe social, partidária ou ideologia.

No plano político, as famosas “revoluções coloridas árabes” forjaram a criação do mito de que os indivíduos teriam a mágica condição de mudar os rumos trocando mensagens e interagindo, contra governos e regimes, usando apenas os caracteres exigidos pelos aplicativos nas conversas.

Temos aqui uma incrível mentira produzida, em colaboração com a mídia hegemônica, sobre o uso dessas redes sociais. Porque as “revoluções árabes coloridas” foram milimetricamente articuladas via órgãos de Inteligência norte-americanos, e outros, com fins geopolíticos de desestabilização da região em prol de seus Países.

O nome disso chama-se Guerra Híbrida ou de Quarta Geração. Essa Guerra Híbrida é uma realidade comprovada em uso pelas potências globais.

As redes sociais são totalmente manipuladas, com a sofisticada vantagem de dar a impressão às pessoas que são atores da História, ou ativistas em uma certa conjuntura.

A capacidade de manipulação é tal que os serviços de Inteligência, o capital financeiro global, invariavelmente usam forças antagônicas em confronto, fomentam uma polarização, sempre odienta, fundamentalista, irreconciliável para criar impasses, divisões e fragmentar as sociedades.

Na verdade essas redes são dirigidas pelas grandes potências ou pelos interesses do Mercado financeiro, associados à mídia global, com objetivos definidos e específicos.

Exemplo em curso no Brasil é o conflito entre Políticas Identitárias autocentradas, narcisistas, fragmentárias, a criminalização das grandes maiorias versus uma contra revolução conservadora, medievalista, intolerante, inclusive com as minorias sexuais. Nada mais eficiente para dividir uma nação.

A revolução digital é irreversível, mas a consciência da sua ampla instrumentalização ainda não. Na verdade, as redes sociais mais parecem com redes de arrasto jogadas ao mar.

A eleição presidencial mostrou isso, um País conflagrado em uma guerra cultural, ideológica, quando as questões fundamentais e os rumos da sociedade ficaram à margem da campanha.

O País necessita de uma convivência razoavelmente democrática, um centro de poder, lideranças aceitas por todos, mesmo os da oposição, diálogos acima de “ideologismos” artificiais, em uma nação continental diversa, rica, complexa. E acima de tudo programas e rumos para o Brasil.
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