06 março 2020

Partido quase centenário


Uns saíram sob ruidoso silêncio, muitos são recebidos com festa
Luciano Siqueira

Neste mês de março, precisamente dia 25, o PCdoB completa 98 anos de existência ininterrupta. Um fato extraordinário num país em que partidos políticos sempre foram conjunturais, de vida curta e consistência teórico-programática apenas relativa.
É fato que o PSB, reorganizado em 1985, tem permanecido desde então. E o PT acaba de completar seus 40 anos. O PDT idem.
Mesmo o novamente chamado MDB, que dividiu com a Arena – ambos permitidos pelo regime militar – uma espécie de dualismo diante do poder central de então, já conta um tempo razoável de existência. E se considerarmos o atual Democratas descendente direto da Arena, PDS e PFL – siglas em que se foi transmutando a agremiação original -, a esse partido também há que se reconhecer certa longevidade.
Mas num lapso de tempo mais largo, de quase uma centena de anos, o PCdoB tem a primazia de uma permanência excepcionalmente prolongada, apoiada certamente na base social proletária com que se identifica ideológica e politicamente, na sua matriz teórica marxista, na determinação em jamais perder seus laços com o povo, na habilidade tática que adquiriu mediante prolongada práxis.
Natural que em sua longa trajetória o Partido registre a deserção de quadros de certa proeminência, que após construírem toda a sua militância e sua reputação pública nas hostes comunistas tenham se desligado e adotado outro rumo.
Alguns em tempo recente.
Destacados quadros políticos. Respeitados publicamente, prestigiados por seus camaradas dirigentes e militantes.
Lembrando Cartola em sua primorosa canção “O mundo é um moinho”, alguns desses reduziram seu papel na cena política imediata e se apequenaram historicamente, ainda que não tenham necessariamente caminhado para “o abismo cavado com os próprios pés”.
Importa, entretanto, assinalar o ensurdecedor silêncio que tem cercado as desistências, por razões fúteis, de quadros outrora tão destacados.
Nada de lamentações.
Nenhum sentimento de perda “irreparável”.
Apenas o registro negativo por terem se revelado tão frágeis diante de dificuldades próprias da conjuntura adversa ou optado por projetos pessoais que supõem viabilizar através de atalhos ideológicos e político-partidários.
E a vida segue.
A luta coloca o velho e renovado Partido Comunista do Brasil diante de novos desafios, que enfrenta com firmeza de princípios e agudo senso tático.
Recentemente, o PCdoB recebeu em seu seio toda uma organização política constituída por quadros provados na luta teórica e prática e todo um cortejo de aguerridos militantes – o Partido Pátria Livre, PPL -, de matriz revolucionária comum.
Um reforço extraordinário que a História haverá de registrar com destaque.
E no percurso atual, justamente por se apresentar como organização política sólida e de consistente descortino estratégico, quadros políticos experientes e provados em outras hostes, agora desejosos de aprofundarem sua prática transformadora, aderem a essa corrente política constituída desde março de 1922. E trazem na bagagem importantes contribuições.
Ponto para o projeto estratégico.
Ponto para a possibilidade tática de novos avanços.
O socialismo vive e o Brasil haverá de ser uma pátria livre e socialista. 
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