A figura
poderosa de Maradona deve constranger Lionel Messi
Tostão, Folha de
S. Paulo
No meio de semana, pela Champions League,
Cristiano Ronaldo e Messi foram discretos, apagados. Messi parece ter ficado
inibido no estádio San Paolo, do Napoli, templo de Maradona. Imagino que a
figura poderosa de Maradona e a excessiva cobrança para que Messi leve a
Argentina a um título mundial, além das alfinetadas, explícitas ou não, de
Maradona a Messi, constranjam e inibam o craque do Barcelona, quando atua pela
seleção.
Fora um gol para cada lado, Barcelona e
Napoli fizeram um jogo morno, chato. Mesmo em casa, o time italiano
marcou com nove jogadores à frente da área e, quando recuperou a bola, não
conseguiu contra-atacar. O Barcelona se limitou a trocar passes, sem
infiltrações.
O craque da rodada da Champions foi De Bruyne, o que não é
surpresa. Ele é, já há algum tempo, o melhor meio-campista do mundo e um dos
cinco maiores jogadores do planeta. De Bruyne faz muito bem de tudo. Outro que brilhou na
vitória do Manchester City fora
de casa sobre o Real Madrid, por 2 a 1, foi Gabriel Jesus.
Tenho a impressão, que pode estar equivocada, que Gabriel Jesus,
após vê-lo jogar as últimas partidas, atingiu um novo momento técnico, com a
chance de, daqui para frente, deslanchar e se tornar muito melhor do que
é.
É raro ver um atacante com a explosão e a velocidade para
receber a bola atrás dos zagueiros. Por isso, nesse e em outros jogos,
Guardiola o escalou da esquerda para o centro, com De Bruyne próximo, para
enfiar as bolas, como no primeiro gol.
Na vitória por 1 a 0, do Lyon, em casa, sobre a Juventus, Bruno
Guimarães também atuou bem. Foi sua estreia na competição. Ele é um candidato a
titular da seleção, ao lado de Casemiro. Arthur poderia ser o terceiro no
meio-campo, mas o xodó de Tite é Coutinho, como um meia mais ofensivo. Nessa
posição, ele continua na reserva do Bayern.
O Bayern, que já tinha goleado, fora de casa, o Tottenham, na
fase de grupos, por 7 a 2, venceu também o Chelsea, por 3 a 0, novamente em
Londres.
O time alemão jogou com quatro jogadores avançados e apenas com
dois no meio-campo. Funcionou muito bem, diferentemente do que acontece com os
times brasileiros que atuam com apenas dois no meio, porque a equipe alemã é
compacta e os zagueiros acompanham os armadores quando estes avançam.
Outro jogador brasileiro que atuou bem foi Vinicius Júnior,
na derrota do Real. Ele continua com uma incrível velocidade e habilidade e
começa a dar sinais de evolução na tomada de decisões, como no passe para o
gol, mas só se tornará um excepcional jogador se evoluir bastante a parte
técnica.
Não existem craques nem futebol arte, bem jogado, se não houver
uma exuberante técnica, individual e coletiva. Messi é o melhor do mundo porque
possui uma técnica quase completa, ao unir a precisão de um atacante
finalizador com o passe decisivo. Cristiano Ronaldo, além de habilidoso e de
ter uma condição física espetacular, possui uma magistral técnica, mas apenas
para finalizar.
Maradona era mais hábil, artista, fantasista, inventivo e
surpreendente que Messi, mas não fazia tantos gols, além de ter tido um
esplendor técnico por um tempo muito menor.
Mas, para o torcedor do Napoli, Maradona é muito superior a
Messi, por, além de ter um grande talento, ser mais passional, delirante,
contraditório. Maradona tinha alma napolitana, uma relação apaixonada com a
cidade, para sempre.
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