Brasil passou a ser visto como imenso vírus assassino
Com
um governo que se alia à morte em massa provocada pela pandemia, país se tornou
um perigo para o mundo
Janio de Freitas,
Folha de S. Paulo
O Brasil é um perigo para o mundo. Assim está
posta a opinião das autoridades, do jornalismo e dos mais informados mundo
afora. Não é Bolsonaro, não
é o governo militarizado e desatinado, mas o Brasil. E está
certo: é o país que, dividido entre os voltados para seus interesses, os
acovardados e a grande massa dos pobres de conhecimento, permite um governo que
se alia à morte em massa, constrói por sabotagens a calamidade social e
atraiçoa os objetivos do país como trai a população.
O Brasil, visto do mundo, é
um imenso vírus assassino, composto pela infinidade de vírus letais que correm,
livres, de um brasileiro a outro. E deste seu paraíso deixam-se
levar, pelos meios mais insidiosos, para frustrar países que lutam contra a
ferocidade pandêmica.
Esse capítulo
faltava na história da incivilização brasileira. O seu fim desconhecido, caso
não seja abreviado, contém hipóteses terríveis. Uma delas, por exemplo: a contaminação, já com
novas e mais perigosas variantes do vírus, continuará aumentando, com reflexo
direto nas restrições internacionais ao Brasil.
O medo de contaminação
de produtos brasileiros não será surpreendente, resultando em caos alimentar
interno e cortes arruinantes de exportações, com desarticulação de toda a
economia. O que aí pareça exagero e pessimismo é uma possibilidade já
considerada entre técnicos mais lúcidos.
O mundo
conhecia o Brasil folclórico, musical, carnavalesco em tudo e imoral não só na
corrupção escancarada. Descobre o Brasil propriamente dito, das massas
relegadas e impotentes, do servilismo político e administrativo ao militarismo mais
primário, da condução nacional conforme ao gosto avaro e ganancioso das classes
possuidoras.
Tudo isso
sintetizado em 260 mil mortes, tantas delas
feitas pelo descaso do governo, e expressado na ameaça ao mundo —uma espécie de
Bin Laden em dimensões continentais.
Nas duas
últimas semanas, o Supremo, atuais e ex-procuradores da República respeitáveis,
governadores, prefeitos, secretários, a rediviva ABI, cientistas, médicos e uns
poucos parlamentares saíram ao enfrentamento do exército de ampliadores do Brasil
mortífero. São um início, uma promessa, se não arrefecerem como é próprio das
boas iniciativas do Brasil. Tudo, em
nosso futuro, depende disso.
Bia Kicis na
presidência da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, com sua
condição de investigada no Supremo por comprovadas pregações contra a
democracia e a Constituição, seria um desaforo do seu protetor Arthur Lira e da
própria Casa aos cidadãos e, em particular, ao STF.
Aécio
Neves na presidência da Comissão de Relações Exteriores da
Câmara, como pagamento ao seu golpe no PSDB para ajudar a eleição de Lira, é
uma indecência capaz de ser ainda maior. Corrupto
múltiplo, gravado em extorsão de R$ 2 milhões a Joesley Batista, do
grupo JBS, Aécio continua solto graças a trampolinagens judiciais do PSDB. Não
é raro saírem do Oriente Médio pacotaços para cargos que se ocupem de questões
relativas à área mais conflitiva do mundo.
As mulheres de
São Paulo podem reequilibrar o
confronto com o cafajeste Fernando Cury (Cidadania), que passa por deputado.
A elas cabe fazer campanha contra o voto feminino, primeiro, nos membros do
Conselho de Ética que aprovaram apenas 119 dias de aparente suspensão para o agressor sexual da
deputada Isa Penna (PSOL).
Depois, veto aos deputados que impeçam no plenário a perda do mandato de Cury.
Façam suas listas.
Científica: o
macaco está para Charles Darwin assim como Bolsonaro está para a Teoria da
Involução.
*
Veja: Você também pode entender de tática política https://bit.ly/3biUKDH
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