21 junho 2021

Trincheira antirracista

Racismo estrutural, vergonha brasileira

A escola é um dos espaços ideais e possíveis para fazer o combate ao racismo, entendendo não ser o único.
Thiago Modenesi, portal Vermelho

 

As recorrentes mortes de negros no Brasil são marca de um racismo imbricado em nossos país, o episódio mais recente com Kathlen Romeu, de 24 anos, baleada em tiroteio entre criminosos e policiais, é parte desse processo que nasceu junto com o Brasil.

O racismo estrutural é debatido por vários autores, Ribeiro (1996), por exemplo, apresenta com maestria o que chama de brasis, os verdadeiros nativos da nossa terra, e o profundo processo de miscigenação que vivemos desde a chegada dos portugueses. Assim se deu historicamente a dizimação dos nativos, a vinda dos escravos negros e o posterior fim da escravidão num processo sofrido, que só ocorre no ocaso do Império, na pressão inglesa ameaçando fechar os portos para o Brasil.

O fim da escravidão no Brasil não é acompanhado de políticas de inclusão dos recém-libertos, esses não tiveram direitos legais por muito tempo, só anos depois aparecem as primeiras legislações contemplando aqueles que na lei brasileira antes tinham menos direitos até que os animais, um ultraje.

Esse racismo foi carregado de maneira secular, perpetuado no preconceito presente em piadas, oportunidades de emprego e salários menores. A discriminação no Brasil é mascarada e negada, mas está presente, forte e com capilaridade na sociedade, a escola é um dos espaços ideais e possíveis para fazer o combate a ela, entendendo não ser o único.

A infância reserva ao brincar um papel intrínseco à própria constituição do ser criança, neste contexto as brincadeiras e jogos dão auxílio as crianças na construção do processo de criar, imaginar, pensar, respeitar e mesmo se relacionar com os demais. Entende-se isso ao partir da premissa que “a aprendizagem é construção do conhecimento” (QUEIROZ, 2002)

O brincar se articula com a construção da moralidade futura, é possível planejar ações na área lúdica, ligadas com jogos e brincadeiras, que dialoguem com a perspectiva do respeito e combate a discriminação. Planejar atividades que apontem o processo de ensino-aprendizagem numa perspectiva de uma visão igualitária de sociedade passa por iniciativas que absorvam a todos, respeitando as peculiaridades de cada aluno e tratando essas como parte da edificação de valores, códigos, respeito entre os participantes e estímulo moral, como defendia Vygotsky (1994). 

Há de se planejar atividades lúdicas integradoras, que valorizem o sujeito nas mais variadas dimensões, levando em conta suas limitações e buscando o bem-estar do estudante e o respeito entre eles, construído no dia a dia escolar, na busca por uma sociedade igualitária.

Essa pode ser uma modesta contribuição na frente educacional em busca do fim do racismo que marca o Brasil, discrimina nosso povo e estabelece violenta clivagem social. Há de se denunciar, combater e se engajar no combate ao racismo estrutural.

Referências

QUEIROZ, T. Jogos e Brincadeiras de A a Z. São Paulo: Rideel, 2002.

RIBEIRO, D. O Povo Brasileiro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

VYGOTSKY, L.S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1994.

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Veja também: Fragmentos da história militante https://bit.ly/3xl6jTU

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