Após ameaça de grampo,
Bolsonaro reduz o tom e diz que não acompanhou a compra da Covaxin
"São 22 ministérios, não tenho como saber o que acontece", diz
o presidente após confirmar reunião com Luis Miranda
Jornal GGN
Sob
ameaça de vazamento de grampo, Jair Bolsonaro mudou o tom nesta segunda-feira
(28), ao comentar as suspeitas de corrupção envolvendo a compra de 20 milhões
de doses da vacina Covaxin, fabricada pela indiana Bharat Biotec.
A seguidores que o
abordaram nesta segunda (28), Bolsonaro disse que “nem sabia como é que estavam
as tratativas da Covaxin porque são 22 ministérios” para tomar conta. “Não
tenho como saber o que acontece nos ministérios, vou na confiança em cima de
ministro e nada fizemos de errado”, defendeu ele. As informações são da
Reuters.
A
vacina foi a mais cara adquirida pelo governo, ao custo de 1,6 bilhão de reais,
em fevereiro passado, por meio de uma “empresa atravessadora”, a Precisa, cujo
sócio, Francisco Maximiano, é investigado por esquemas que ocorreram na gestão
do ex-ministro da Saúde Ricardo Barros (PP), deputado federal e líder do
governo Bolsonaro na Câmara. Maximiano deve depor à CPI da Covid no Senado na
quarta (29).
Na
semana passada, Bolsonaro foi abordado pela imprensa sobre o mesmo assunto e,
destemperado, atacou durante as jornalistas e as empresas de
comunicação, e tratou o Covaxingate como uma “invenção”, além de afirmar que
não daria satisfações sobre o caso à mídia.
Na
última sexta (25), em uma sessão histórica da CPI da Covid no Senado (assista
no vídeo abaixo), o deputado federal Luis Miranda (DEM) afirmou que
levou a Bolsonaro, em 20 de fevereiro, as suspeitas de corrupção no contrato da
Covaxin. Segundo Miranda, o próprio Bolsonaro teria dito que “isso é coisa” de
Ricardo Barros.
Barros
teria indicado a funcionária da Saúde que fiscaliza o contrato e liberou a
importação da Covaxin, a despeito de várias divergências entre o contrato
original e a nota fiscal internacional, que veio em nome de uma offshore com
base em um paraíso fiscal. O dono da Precisa também é sócio da empresa Global,
que é investigada justamente por ter dado um golpe no Ministério da Saúde na
gestão de Barros. Leia mais aqui.
AMEAÇAS VELADAS. A declaração de
Bolsonaro, nesta segunda (28), confirma o depoimento de Miranda à CPI.
O
parlamentar afirmou ainda que Bolsonaro prometeu que iria mandar a Polícia
Federal investigar os indícios de corrupção no caso Covaxin, mas o presidente
nada fez. Pelo contrário, a PF foi acionada agora, depois do escândalo ser
revelado, mas para investigar os irmãos Miranda. Bolsonaro, além de tudo,
mantém Barros na liderança do governo até hoje.
Antes
de Bolsonaro comentar o caso com os apoiadores, os jornais da grande mídia
divulgaram entrevista na qual o deputado Miranda insinua que seu irmão, o
servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda – pivô do escândalo
Covaxin – pode ter gravado a reunião com Bolsonaro no Palácio do Planalto. O
deputado afirmou que Bolsonaro teria problemas se negasse o encontro em que
citou Barros.
Veja: Quem avisa que vai melar o jogo com tanta
antecedência bom sujeito não é https://bit.ly/2TUCwlA
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