19 março 2024

Enio Lins opina

10 anos da Armação Lava-Jato e suas sujidades sem precedentes

Enio Lins*



“Lava Jato terminou como uma verdadeira organização criminosa” – é o título de postagem sobre declaração do ministro Gilmar Mendes, na edição digital d’O Estado de São Paulo de 17 deste março, quando a armação lavajtista completou dez anos. A reportagem é assinada por Zeca Ferreira, repercutindo entrevista do decano do STF originalmente concedida à Agência Brasil.

Gilmar Mendes foi cirúrgico ao definir esse câncer que, sob a justificativa de combater outro velho tumor, espalhou metástases sobre a economia e a política (que nunca gozaram de saúde perfeita) brasileiras. “Organização criminosa” é o termo mais correto para o lavajatismo militante, - mas é certo, que em seu núcleo pensante, não só terminou, mas sim, já começou como OCRIM.

ÁPICE CRIMINOSO

“O que a gente aprendeu? Eu diria em uma frase: não se combate o crime cometendo crimes. Na verdade, a Lava Jato terminou como uma verdadeira organização criminosa, ela envolveu-se em uma série de abusos de autoridades, desvio de dinheiro, violação de uma série de princípios e tudo isso é de todo lamentável” – avaliou Gilmar Mendes.

Esta é uma das lições centrais que a arapuca lavajatista proporciona, uma velha lição nunca entendida pelos justiceiros de plantão: “não se combate o crime cometendo mais crimes”. Em síntese, quando um ladrão rouba outro ladrão temos dois ladrões atuando no pedaço e não menos um larápio em cena.

USANDO A LEI CONTRA A LEI

Esse esperto núcleo, ao montar uma teia de investigações direcionadas sobre delitos cometidos na esfera pública/privada, no que seria uma operação a mais contra a corrupção no Brasil, a transformou em um novo e amplo golpe mirando fama, poder e dinheiro. Mas quem mesmo fez parte desse centro maléfico?

Deve-se crer que a maioria dos servidores públicos que da Operação Lava-Jato acreditavam piamente que estavam no caminho certo. Mas tamanha era essa convicção que passou a ser secundária a legalidade nessa ação de “salvar a Pátria”. Entretanto, celebridades instantâneas como Moro e Deltan, desde o início, esbanjavam imparcialidades e motivações políticas-ideológicas.

PERIGOSOS TRAPALHÕES

Moro e Deltan, em seus passos seguintes, fabricaram as principais provas contra si próprios e contra a operação da qual foram os dois principais protagonistas. Num átimo, trocaram as carreiras jurídicas pelo carreirismo eleitoral na forma mais abjeta, apressados para colherem os louros dos malfeitos realizados sob as togas.

Ambos traíram seus compromissos com a Justiça e têm pagado o pato de forma distinta. Moro foi humilhado e detonado pelo mito que ajudou a eleger. Depois elegeu-se (hoje sob risco de cassação) tentando reeleger o dito cujo que lhe chutou as nádegas quando seu ministro da injustiça. Deltan, simplesmente, já era.

SEM MEDO DO LAVAJATISMO

Mendes, em sua entrevista, disse que “ganhou convicção de que os procedimentos suspeitos da Lava Jato não eram apenas ‘uma irregularidade procedimental’, e sim ‘um movimento político’. ‘A Lava Jato não era uma operação puramente judicial, eles fizeram uma força-tarefa e lograram um apoio público muito grande, um apoio de mídia. Tenho a impressão de que esse apoio de mídia teve também um efeito inibitório sobre o Supremo’”, reconheceu o decano – que, no passado, chegou a elogiar o lavatismo – mas que teve (e tem) a hombridade de desnudar aquela armação, sem medo de quem queira ainda persistir no erro.

E mais, ao completar dez anos, a armação suja-jato ainda tem a pagar uma conta bem cara e ainda nem totalmente dimensionada: a arataca econômica que armou e executou em prejuízo do contribuinte e das finanças brasileiras – mas aí é tema para outro dia.

*Arquiteto, jornalista, cartunista e ilustrador

Meus diletos desafetos https://tinyurl.com/49d323pv

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